Livrarias em dose dupla

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Quem gosta de livros tem motivos para comemorar. No dia 18 de agosto, foram inauguradas duas novas livrarias na região, a Mandarina e a da Travessa.

A Livraria da Travessa abriu, na Rua dos Pinheiros, a primeira loja de rua na cidade e a décima loja do grupo carioca. No Instituto Moreira Salles na Avenida Paulista, a livraria tem um espaço com mais destaque para os livros de artes – pintura, fotografia, viagens entre outros títulos.

Um dos motivos que explica sua expansão é a relação que vem construindo há mais de três décadas com os leitores. “A missão da livraria é interpretar o interesse do público que a frequenta. Somar uma proposta de curadoria com a escuta do cliente”, conta Rui Campos, proprietário da rede tradicional do Rio de Janeiro, que também atravessou o Atlântico e abriu sua primeira livraria em Lisboa, em maio deste ano.

A marca também conta com uma livraria virtual que atende aos clientes de todo o Brasil. A primeira livraria surgiu em 1986, no Rio de Janeiro. A identidade da livraria se pauta em três pilares: a curadoria, o atendimento e a arquitetura. A busca por um lugar para instalar a filial paulistana levou cerca de um ano.

A nova livraria da rede em Pinheiros, tem o projeto arquitetônico assinado pela arquiteta Bel Lobo, que concebe os espaços pensando no leitor, com especial atenção à iluminação, na acústica e no mobiliário. Segundo a arquiteta, “queríamos que coubesse a maior quantidade de obras sem atrapalhar a experiência de se estar em uma livraria”. A livraria inaugurada em agosto ocupa 200 m² e tem dois pisos. “No espaço superior, além do acervo de livros, há um pequeníssimo café, água e geladeira com algumas coisinhas para comer. O cliente escolhe o que quer, faz seu próprio café, se serve e paga na saída”, explica Rui Campos. Na entrada, há um deck com bancos de madeira que se oferecem para quem está de passagem pela rua, sem necessidade de entrar na livraria para consumir.

Leonardo Padura, na Livraria da Travessa (foto/Gerson Azevedo)
Leonardo Padura, na Livraria da Travessa (foto/Gerson Azevedo)
Uma semana antes da inauguração oficial, o escritor cubano, Leonardo Padura, fez uma sessão de autógrafos para o lançamento do seu mais novo romance publicado no Brasil, A Transparência do Tempo (Editora Boitempo) e atraiu um grande número de pessoas que enfrentaram duas longas filas. Uma para comprar o exemplar e outra para o autor autografar o livro. Padura, com simpatia, autografou por horas os livros e se dispôs a fazer selfies com quem pedisse. Outros lançamentos estarão na grade de eventos da livraria.

O caminho seguido pelas novas livrarias é deixar de lado espaços gigantescos de mega lojas e optar por espaços menores e uma curadoria na escolha de títulos à venda e no atendimento diferenciado.

No mesmo domingo de agosto, a Livraria Mandarina também abria suas portas. O escritor Milton Hatoum aceitou o convite para um bate-papo com o público que apareceu para conhecer o novo espaço literário e que teve um pequeno congestionamento de pessoas em seus dois andares em 100 m² de área. “A vida do bairro não deve limitar-se a bares, restaurantes, padarias, lojas, bancos… Escolas, bibliotecas, praças arborizadas e livrarias civilizam o espaço urbano. A Mandarina será muito bem-vinda nesse canto de Pinheiros”, disse o escritor.

Livraria Mandarina, voltada às humanidades (foto/Gerson Azevedo)
Livraria Mandarina, voltada às humanidades (foto/Gerson Azevedo)
A Mandarina é uma sociedade entre a publicitária Daniela Amendola e a jornalista Roberta Paixão. Ambas têm uma relação muito intensa com livros e literatura e se materializou com a inauguração da livraria. Daniela é neta de João Amendola, o primeiro livreiro de Campinas. Ela promoveu vários encontros literários em sua casa, na região, chamado de Quintal Amendola. “Agora vamos trazer para a Mandarina esses eventos”, avisa. Em agosto o curso de estreia da livraria foi com o escritor e professor português Gonçalo M. Tavares. A programação terá, além de cursos, palestras, clubes de leitura – dia 26, das 20 às 22h, sobre o livro O Farol, de Virginia Wolff, basta ler o livro. Outros eventos estão previsto para acontecer.

“Queremos apresentar as editoras independentes, democratizar a escrita e promover a leitura e o debate sobre autores de outros estados”, ressalta Daniela. Por sua vez, Roberta diz que “Existe literatura no Brasil todo, inclusive premiada, mas que, muitas vezes, não chega ao público. Queremos que a Mandarina seja um lugar democrático para escritores e editoras, sem nos prender se são grandes ou não”.

O acervo da livraria se concentra em humanidades. “Não temos livros de autoajuda” avisa Daniela. Romancistas, filósofos, literatura nacional e estrangeira em português. Em breve, a livraria terá títulos em inglês, espanhol e francês.

Na parte superior do sobrado onde a Mandarina está instalada uma sala especialmente organizada para as crianças com almofadas e livros nas prateleiras.

Na entrada, uma grande mesa em madeira com bancos e uma rampa para cadeirantes. Tem um pequeno café com pão de queijo e água e poltronas para os clientes. (Gerson Azevedo)

Livraria da Travessa, Rua dos Pinheiros, 513, Telefone 4550-9501; Livraria Mandarina, Rua Ferreira de Araújo, 373, Telefone 3819-5953, livrariamandarina@gmail.com

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