Acertei algumas vezes, outras errei. Assim como esta mania de imaginar um bar em cada lugar que acho interessante, nem sempre deu muito certo. A partir do conceito do tal ‘público-alvo’ dei prosseguimento, naqueles anos noventa, a ideia de montar esse bar no meio do mato. Feito do mesmo material abundante espalhado por todo o litoral norte, o bambu e mais outras madeiras de sobras de construção foi feita a estrutura principal do bar. Num terreno baldio que em toque de caixa aluguei, capinei e fiz o Soro Fisiológico. A sacada era essa: montar um bar que só vendesse coco na frente dos caras. Coco Capeta, coco com vodca, cravo e guaraná em pó, coco com o diabo a quatro em frente à recém-construída balada SIRENA, em Maresias. A intenção era literalmente hidratar os clientes daquela balada que ficavam dançando a noite toda e também tendo como referência àqueles nossos anos de estudante duro, que a toda hora saíamos do salão de baile, onde as bebidas sempre eram mais caras, tomávamos um rabo-de-galo no boteco da esquina, depois voltávamos para o salão e a coisa se repetia noite adentro.
Pela varanda da casa que eu acabava de fazer no alto de um morro, contrariando a recomendação médica que eu ficasse quieto, sem inventar nada, via aquela moçada entrando lá embaixo na balada com suas BMWs e Mercedes e pensava… Ali daria um belo bar! Certo? Não, errado. Aquilo era uma ilusão. Percebi só quando abri o bar. Aqueles carrões que entravam todas as noites no meio da mata atlântica, simplesmente eram os pais que emprestavam a seus filhotes fazerem bonito um para o outro e para não sujarem os pezinhos delicados na lama.
Inauguração: um caminhão de coco estocado. Primeira turma sai da balada. O mais falador (sempre eles): – E aí tio, dá um coco maluco e sete canudos! Aqueles almofadinhas não tinham um tostão no bolso. Os pais davam a eles a grana contada para entrarem na balada com direito a três drinks e nada mais. Tiro n’agua!
Lotei minha velha camionete de coco, junto com minha mulher e minha filha caçulinha Nicole e partimos pra Bahia barganhando coco pelo caminho, até que…
(Não perca a continuação na próxima edição do Guia)
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