Theo de Barros, o talento premiado

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O CD ‘Tatanaguê’ de Theo de Barros, compositor, arranjador, cantor, foi premiado na 29ª edição do Prêmio da Música Brasileira, como o melhor álbum de projeto especial.

Morador da Vila Madalena desde 1981, o carioca Theo de Barros esteve em sua cidade natal em meados de agosto para participar da cerimônia de entrega do Prêmio da Música Brasileira. Ele trouxe para casa o troféu de Melhor Álbum de Projeto Especial pelo CD ‘Tatanaguê’ lançado em 2017. São 16 músicas onde além de voz, arranjos e violão Theo de Barros tem duas faixas suas e divide a composição em 13 faixas com Paulo César Pinheiro e uma (Barco Sul) com Gilberto Karan. A produção musical ficou a cargo de Ricardo Barros, filho de Theo.

Ricardo e Theo de Barros-arq pessoal
Theo de Barros e o filho, Ricardo de Barros (arquivo pessoal)

 “’Tatanaguê’, além de título é a faixa que abre o CD. É o nome de um pássaro que anuncia a chegada de pessoas desconhecidas que estão se aproximando do quilombo e que, segundo a lenda contada por Paulo César Pinheiro, é um pássaro invisível e conseguimos ouvir o seu canto mas não vê-lo”, conta Theo de Barros que recebeu a reportagem do Guia da Vila Madalena em sua casa.

“O lançamento do CD foi em 2017 em um show no Auditório Ibirapuera. Além das composições, fiz os arranjos, voz e violão. No palco eu estava acompanhado de Renato Braz (voz e berimbau), Ricardo Barros (viola caipira), João Taubkin (contrabaixo), André Kurchal (percussão), Teco Cardoso (flauta), Angelo Ursini (clarinete) e Shen Ribeiro (flauta), um quarteto de cordas e as participações de Mônica Salmaso e Alice Passos”. Graças ao prêmio, Theo espera voltar a fazer novas apresentações para divulgar o belo trabalho agora premiado.

CD Tatanague-Theo de BarrosQuando Theo chegou à Vila Madalena, “era tudo muito calmo. Hoje há mais movimento e é um dos bairros mais badalados da cidade, interessante e perto de tudo. Circulo pelo bairro e vou a muitos lugares, entre eles a Villa Grano. Já frequentei muito a noite da Vila, mas hoje não. Acho que a música é um dos atrativos da Vila”. Embora tenha ido em edições anteriores, neste ano não foi à Feira de Artes da Vila Madalena. “Reunimos a família aqui em casa para um almoço”, justifica.

Se define como um músico de música brasileira em geral. “Fiz bossa nova e outros gêneros e não sei bem como definir MPB (Música Popular Brasileira). Gosto de explorar todos os gêneros da música brasileira e até me aventurar no folclore brasileiro”.

Theo de Barros04-GV-SET-TG

As parcerias fazem parte da carreira musical de Theo de Barros. A mais conhecida pelo público é com Geraldo Vandré em ‘Disparada’. Em 1966, a música, letra de Vandré e melodia de Theo de Barros, dividiu o primeiro lugar do Festival de Música da TV Record com a música ‘A Banda’, composta por Chico Buarque. ‘Disparada’ foi interpretada pelo cantor Jair Rodrigues e acompanhado com o Trio Maraiá e Trio Novo.

Theo lembra que Geraldo Vandré não gostou a princípio de entregar a música para o Jair Rodrigues, cantor identificado com o samba. “Mas o Jair explicou para nós que ele tinha uma identidade com a música e sua infância foi na roça. Eu aceitei o Jair, sem problemas. O Vandré, nem tanto. A música, que tinha uma letra política e fala de problemas rurais não teve problemas com a censura. Na época tínhamos que escolher um cantor do elenco fixo da TV Record. A maioria dos concorrentes queria o Roberto Carlos ou a Elis Regina para defender sua música. Tempos depois, em um dos nossos encontros, o Jair contou que não importava onde ele estava se apresentando, o público sempre pedia para ele cantar ‘Disparada’”.

A parceria com Vandré surgiu em projeto cultural com música e teatro patrocinado pela Rhodia (indústria têxtil). “Vandré além de cantar e tocar também atuava. Assim como os atores Walmor Chagas e Lilian Lemmertz. Quando ficamos sabendo do festival da Record em três dias fizemos ‘Disparada’. Estávamos excursionando no nordeste com a cantora Claudete Soares quando ficamos sabendo que ‘Disparada’ e ‘A banda’ tinham vencido o festival da TV Record. Foi uma alegria para nós”.

Theo lembra que a parceria com Vandré rendeu outra música em parceria: “De céu, de terra e de mar” e que também tem a participação de Hermeto Pascoal. Mas Theo não tem mais contato com Vandré e diz que “não sei por onde anda o Vandré”.

A música sempre esteve presente na vida de Theo de Barros. “Meu pai era diretor de emissora de rádio e muitos cantores e músicos frequentavam a nossa casa. Um tio me ensinou os primeiro acordes no violão, tomei gosto e fui embora. Sempre trabalhei com música. Cheguei a fazer  um curso técnico de administração para cuidar melhor da carreira e me formei em jornalismo. E até escrevi umas besteiras…”, conta com ironia.

Sobre o prêmio, Theo conta que “É sempre importante ganhar um prêmio como esse, um dos mais importantes da música brasileira. Viajei ao Rio de Janeiro em companhia de meu filho Ricardo que toca violão e guitarra, participou e produziu o CD ‘Tatanaguê’, que foi inteiramente gravado no Espaço Cachuera!, em Perdizes”.

Agora pretende fazer uma parceria em família. Planeja em um futuro próximo fazer um CD com o filho Ricardo. “Tenho várias composições prontas. E o meu filho Ricardo, modéstia a parte, é um ótimo instrumentista”. (GA)

www.facebook.com/theophiloaugusto.barrosneto

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