Desvendando Belchior

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A biografia “Belchior. Apenas um Rapaz Latino-Americano” conta a trajetória do compositor e intérprete cearense foi escrita por Jotabê Medeiros, jornalista e morador da região.

Jotabê é crítico de música conceituado e passou por redações como a do Estadão, Veja, Folha de S. Paulo e CNT/TV Gazeta. Hoje escreve sobre música para o portal UOL e é editor de Cultura da revista Carta Capital. Também é autor do livro “O Bisbilhoteiro das Galáxias: no lado B da cultura pop” (Editora Luzili), onde narra em textos curtos encontros e suas memórias com muita gente da música, como Bob Dylan, que encontrou passeando solitariamente pelas calçadas da praia de Copacabana, no Rio. Ou o funeral de Michael Jackson, que ele conseguiu entrar por um golpe de sorte. Assim como no último show de Amy Winehouse no Rock’n’Rio Madri. Um encontro na fila de embarque com Ritchie. No final de cada texto, tem sempre foto para comprovar a história.

 

Divulgação
Jotabê Medeiros e a biografia de Belchior

A pesquisa para escrever a biografia de Belchior estava em andamento quando Jotabê recebeu o convite de uma nova editora, a Todavia, que tem sede na Vila Madalena, para publicar o livro pelo selo. O lançamento do livro aconteceu em agosto passado e “Belchior: apenas um rapaz latino-americano” está tendo uma boa vendagem. “Estive no Espírito Santo e havia mais de 200 pessoas na fila para eu autografar o livro. É uma boa surpresa!”, comenta o jornalista que vive com a família pela região da Vila Madalena desde 2010.

Fã da Vila Madalena, Jotabê conta que sempre está passeando com os filhos na região da Praça das Corujas, “para mim, um oásis”. Morou no BNH e agora em uma casa em uma rua tranquila da Vila Beatriz. Entre os endereços que frequenta na Vila cita A Mercearia São Pedro, os bares Genial, Genésio e Sabiá. Entre os restaurantes, um dos seus preferidos é o bistrô Les Delices de Maya, o Martin Fierro, Astor e o seu anexo, o SubAstor. A livraria da Vila também é ponto de parada para ver os livros e tomar um café, assim como o Lab Coffee, onde, além do café, indica um pudim que é receita da avó da dona. “Fantástico!” é a sua avaliação. Ele também vai sempre na feira livre da Rua Mourato Coelho.

Jotabê, como assina seus textos, cursou Jornalismo na Universidade Estadual de Londrina (UEL) onde mora parte de sua família. Começou a carreira escrevendo textos para o jornal da faculdade. Um texto sobre o disco The Wall, lendário trabalho da banda Pink Floyd, o levou a colaborar com a revista Som Três, que tinha como editor Maurício Kubrusly. “Era 1986 e mandei uma carta com o texto que era bem longo”. O Kubrusly gostou e me convidou para trabalhar com eles. Na época, eu era o caçula entre os críticos da revista que tinha o Paulo Ricardo (futuro RPM) e outros.

Na Vila Madalena, Jotabê cita diversos endereços com música de boa qualidade. O novo Tupi or not Tupi, “pela qualidade do som e programação de música brasileira”; a Casa do Mancha, “espaço alternativo com bandas diferentes”; a Casa Natura Musical “além de novo é excelente e os donos são do ramo, como a cantora Vanessa da Matta. “Mas vou onde acho que vou encontrar novidades e nem sempre pelas instalações ou acústica. Certa vez fui até o Grazie a Dio! e conheci e entrevistei a então pouco conhecida Céu, que é uma ótima cantora!”

A música faz parte do seu dia a dia, mas Jotabê confessa que não toca nada “apenas campainha!”. Não faz distinção entre os gêneros musicais, mas diz que gosta de Bob Dylan, Tom Wiats, Rolling’s Stones, Tim e Jeff Buckley, pai e filho que “têm um trabalho muito interessante” e continua a apreciar o trabalho de Belchior e mais ainda: “depois de entender melhor seu trabalho e o considero um dos dez melhores do Brasil!”. Lembra que na adolescência, sua discoteca básica tinha três vinis, Bob Dylan, Zé Ramalho e Belchior “Alucinação”, que considera o melhor de todos do cearense que morreu em 30 de abril último.

A motivação para escrever sobre Belchior, segundo Jotabê, “eu queria escrever sobre um músico que fosse um personagem que me daria grande satisfação. Foi uma grande reportagem. Não é um folhetim que conta a história dele desde o começo. Usei o recurso de flash back e a história começa quando ele já é adolescente e está indo para o mosteiro. Para mim, um dos momentos mais importantes da vida dele. Incluí minha avaliação técnica de crítico de músico referente ao trabalho dele”. A boa vendagem da biografia do autor de “Como nossos pais” mostra que acertou na fórmula. Jotabê espera fazer outros trabalhos semelhante se tiver a mesma motivação. A conferir.

Para escrever “Belchior:…” se valeu de reportagens e material publicado sobre o cantor e entrevistas com parentes, amigos de mosteiro, de música. “Estava me preparando para ir até Santa Cruz do Sul (RS) para falar com o Belchior, mas não deu tempo! Curiosamente, no dia que ele morreu, eu estava em meu sítio em Ibiúna, que não tem conexão de celular e só fiquei sabendo da morte dele bem depois!”

Entre os citados no livro que não quiseram falar com Jotabê sobre Belchior está o cantor Fagner, com quem teve relação tumultuada. Outro que o autor não conseguiu falar foi José Luiz Penna que é co-autor com Belchior do sucesso “Comentários a respeito de John”. “Tentei por e-mail mas não obtive resposta, mas consegui falar com ex-integrantes da banda Papa Poluição que me contaram que o Belchior gostou da música, fez algumas alterações e que foi aceita e virou sucesso!” Um tributo ao autor de “Medo de avião”, “Paralelas”, “Velha roupa colorida” entre outros sucessos.

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