Morador apaixonado pela Vila Madalena, cantor e compositor foi autor de seis sambas-enredo da Escola de Samba Pérola Negra.
O dia amanheceu mais triste em 20 de setembro. É que naquela madrugada morreu João Borba, o sambista que aos 82 anos ainda cantava em alguns bares do bairro, como o Bar Samba e o Ó do Borogodó . O cantor e compositor da velha guarda paulistana foi autor de seis sambas-enredo da Escola de Samba Pérola Negra, que teve sua origem na Vila Madalena e que em 2015 foi vice-campeã do Grupo de Acesso, retornando à elite paulistana das Escolas de Sambas em 2016.
Em uma entrevista exclusiva dada por João ao Guia da Vila no ano de 2013 (veja http://guiadavila.tudoeste.com.br/2013/01/16/na-cadncia-do-samba/), ele contou que o seu amor pelo bairro já era muito antigo e começou ainda em sua infância quando veio de sua terra natal, Piracicaba, para Pinheiros. Naquela época, ele se reunia com os amigos da Vila de outrora para jogar bola e batucar. “Era gente que se reunia para jogar bola e que sempre acabava batucando alguma canção na beira do campo”, relembrou o músico.
Aos dez anos, João conheceu as canções de Lupicínio Rodrigues, que muito influenciaram em suas composições. Sua carreira, entretanto, começou a ser delineada quando ele tinha 17 anos. Ele contou à reportagem, na ocasião da entrevista, época em que também lançou o CD “Eu, Comigo e Meus Amigos” (veja foto com dedicatória à repórter), que havia sido convidado para tocar surdo num baile de carnaval no centro da cidade de São Paulo e que, naquele dia, o cantor da banda não apareceu. No desespero, ele foi convocado para assumir o lugar do vocal, que não deixou de ser seu até a sua morte.
Em 1975, quando João tinha 41 anos, recebeu um convite para fazer um de seus primeiros sambas-enredo para a Escola de Samba Pérola Negra. A música recebeu o nome de “Portinari – Pintor de um Povo” e, com ela, o sambista e a escola ganharam o primeiro lugar no desfile de carnaval.
O presidente honorário da bateria da Pérola, Manoel Ferreira, mais conhecido como Manolo, em entrevista a um site quando João faleceu, disse que ele praticamente fundou a escola, e que ele estava ali para assistir. “João Borba era um baluarte, um dos últimos sambistas das escolas”, declarou o amigo.
Fotos: Tiago Gonçalves