Enfim passamos o ano 15. Arrastamos a chinelinha aos trancos e sobressaltos, contando com o fabuloso otimismo brasileiro, que embora não tenha dado as caras em nenhum momento, porque qualquer fato estimulante produziu, fizemos a travessia. Mesmo com menos luzes, menos neve de algodão, contrariando os catastrofistas, ainda aconteceu. O bom velhinho usou de artifícios pouco republicanos para cumprir suas visitações. Roubou um helicóptero no Campo de Marte, pois certamente a grana curta o impossibilitou de usar suas renas voadoras.
Foi um ano atípico porque produzimos ídolos surpreendentes. O japonês da Federal, por exemplo, virou um ícone, com marchinha de carnaval e tudo. No Rio Doce foi produzido o amargo maior desastre ambiental do Brasil. O padre Matos não ganhou a mega sena anunciada e mineiro ainda mais invisível aos olhos da brotolândia (essa é tão antiga quanto ele). Tudo isso não é suficiente para nos desesperar. Fomos ao réveillon com roupa seminova, mas com a mesma galhardia. Isso é que o mundo não consegue entender. “O brasileiro é antes de tudo um forte” (parafraseando Euclides da Cunha, que não tem a ver com o Cunha da Câmara, espero).
Confesso aqui, diante do meu inabalável otimismo, porque vejo com clareza a qualidade da nossa gente, que tive dificuldade com esse ritual de passagem. Primeiro porque não sei mentir (coisa pouco cultivada nos dias de hoje). Depois, porque as notícias que temos sobre 16 são as piores possíveis. E na hora de desejar feliz ano novo, desafinei todas as vezes. A numerologia não me socorreu desta vez. Nem os orixás regentes. E na astrologia parece que deu bobeira no astral. Então, feliz o quê? Bola pra frente, cambada.