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Percival Maricato é advogado, autor de livros, fundador e diretor jurídico da Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes e membro do Conselho das Pequenas Empresas da Fiesp, Fecomércio e do Conselho da Cidade de São Paulo entre outras entidades.
Morador da Vila Madalena há mais de 40 anos, Maricato foi sócio de famosos bares na cidade: Bar Avenida, Cervejaria Continental e do Danton, um dos primeiros restaurantes diferenciados da Vila Madalena. Nesta entrevista, ele fala com franqueza sobre o legado que eventos como a Copa 2014 traz à cidade e principalmente à Vila Madalena, entre outros temas.
O Dia dos Namorados e o início da Copa do Mundo no mesmo dia. Isso vai afetar o movimento dos bares e restaurantes?
São duas festividades importantes que caíram no mesmo dia. Isso acontece e precisamos nos adaptar. Mas parece ser a melhor solução comemorar o Dia dos Namorados em 11/jun e, assim, os namorados poderão curtir a data. A Abrasel instituiu a campanha “O Amor vem antes de tudo” e apoia o #movimento11 criado pela Ambev.
A Copa é uma boa oportunidade para se comemorar mais?
Para o nosso segmento e o comércio em geral, e também para a população, sempre é bom esse tipo de evento. É uma época em que todo mundo fica mais alegre e todos querem comemorar. E as pessoas acabam saindo mais e procurando bares e restaurantes. Acho que todas as atividades acabam ganhando com isso.
Qual é a imagem que vamos passar para os que nos visitam?
Acredito que o evento será bom, apesar das imagens equivocadas do país que estão sendo publicadas nas mídias tradicionais e mais as ações dos black blocks da vida. Tirando isso, acreditamos que o Brasil terá uma imagem bem melhor do que a que está sendo divulgada. Esperamos que as pessoas tenham responsabilidade e esse é um momento muito importante para todos nós. Criticar agora não adianta nada. Passada a Copa, vamos fazer uma análise e ver os erros e os acertos.
Bares e restaurantes estão preparados para receber um contingente tão grande de turistas? Como fica São Paulo em estrutura e serviço?
Em São Paulo, temos qualidade, serviço e condições de receber muito bem a todos que vierem. São Paulo é uma cidade mundial e recebe muito bem, não é de hoje. Acredito que teremos diferença de estrutura e serviço em outras capitais que terão jogos da Copa do Mundo. O Rio de Janeiro, por exemplo, deverá atrair mais gente por ser a cidade que vai sediar a partida final da Copa.
A lei municipal 15.996/2014, assinada pelo prefeito Fernando Haddad, determina feriado municipal no dia 12/6. Isso é bom para bares e restaurantes?
Vemos vantagens e desvantagens para nossos associados. Aqueles estabelecimentos que trabalham mais com almoços não terão seu público como se fosse um dia normal e isso refletirá no faturamento. Por outro lado, os bares e restaurantes que abrem mais à noite serão beneficiados, já que se espera que o público saia mais para comemorar.
Alguns sindicatos reclamam da exclusão de algumas categorias na lei municipal.
Na prática, o que vai prevalecer são as convenções coletivas, e isso é regulado por lei federal. E essa deverá prevalecer no entendimento do Ministério do Trabalho. E não uma lei municipal.
Haverá aumento nos preços de bebidas e comidas por conta da Copa?
A recomendação da Abrasel é para evitar aumentos por causa da Copa. Incentivamos que bares e restaurantes mantenham seus preços normais e que ofereçam o melhor serviço para seus clientes. Essa é a forma correta de atrair mais clientes e, por tabela, ter um aumento no faturamento.
Regiões da cidade com maior fluxo turístico, como a Vila, estão preparadas para receber um fluxo maior de turistas?
Sem dúvida, tanto em estrutura como serviço. A Vila Madalena é um dos lugares mais animados da cidade em matéria de bares, restaurantes e comércio em geral. Podemos compará-la com regiões turísticas de cidades mundiais como Paris e Nova York.
Dá para ter uma expectativa de faturamento que esse evento pode trazer?
É difícil dizer, mas avalio que a Vila Madalena deve dobrar o faturamento com a Copa, graças ao público que deverá receber. Acredito que haverá aumento em outras regiões, mas é difícil prever quanto.
Grupos como os black blocks e outros coletivos prometem fazer passeatas e protestos pela cidade. Qual é a orientação da Abrasel aos associados?
Temos feito acordos com empresas de segurança e também com a segurança pública sobre isso. Recomendamos aos associados que defendam seu patrimônio e seus clientes. Sinceramente, esperamos que não aconteça nada disso. Também acho que a mídia está aumentando e valorizando esses jovens que querem quebrar as coisas e não querem dialogar. É a democracia que está sendo desgastada por grupos como esses. Somos a favor da Copa.
E sobre as leis seca e antifumo que estão em vigor, qual a posição da Abrasel?
Somos contra o sectarismo e o radicalismo dessas leis. Claro que concordamos que alguém que bebe além da conta e se envolve em um acidente deve ser punido de acordo com a lei. Mas não concordamos que um adulto que tome um chope ou um casal que sai para comemorar e toma uma taça de champanhe tenha a mesma punição. Já temos mais de 100 mil inquéritos instaurados. No caso do cigarro, é a mesma coisa. Exigir um fumódromo isolado é pura demagogia. Quem fuma na rua também incomoda outras pessoas. E vindo por parte do Estado, fica mais ridículo ainda. Quem começou a fumar foi influenciado pelas mídias e até pelo governo e não pelos botecos. E achamos que deveriam existir bares onde o fumo fosse permitido.
Quantos estabelecimentos vendem bebidas em São Paulo (capital e interior) e no Brasil?
Estimamos que a cidade de São Paulo tenha cerca de 50 mil estabelecimentos e mais 140 mil no Estado. E no Brasil, nossa estimativa é que chegue a 1,1 milhão. São cerca de dois milhões de pequenos empresários que geram, em média, 6 a 8 empregos diretos.
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