Células culturais

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Pequenas casas de show são opções para artistas e públicos que garimpam novos talentos.

Como parte das comemorações pelos dois anos de atividade, a Casa do Núcleo realizou, em março, debate sobre o funcionamento de pequenos espaços culturais dedicados à música e que estão ganhando adeptos na cidade. O evento contou com as participações de Don Salvatore e Amadeo Zoe, da Serralheria, na Lapa; Maximo Miguel Lopez Levy, do Jazz nos Fundos, em Pinheiros; Rubens Amatto e Rodrigo Luz, da Casa de Francisca, nos Jardins; e de Benjamim Taubkin, fundador da Casa. Na discussão, as mudanças que locais do gênero estão trazendo no cenário musical – para o “investidor”, na produção do artista e para a formação de público. “Estamos criando uma cena de casas pequenas e é interessante porque não competimos. É vida cultural com diversidade.”, diz Benjamim.
O perfil desses espaços é o de levar artistas de diversos estilos musicais para pequenos públicos, a exemplo de lugares que projetaram músicos do jazz americano, como o Village, em Nova York. No Brasil, o exemplo mais famoso é o do Beco das Garrafas, no Rio, que comportava uma plateia de quase 40 pessoas e impulsionou o movimento da Bossa Nova. “Nós apostamos na música instrumental, muito mal aproveitada no Brasil e que deveria estar nos eventos do governo”, pontua Maximo. “Nossa casa é pequena, com a proposta de fomentar outro tipo de cenário musical. Procuramos trazer artistas com pouca visibilidade”, completa Amadeo.
Quanto ao espaço, Benjamim diz que a casa pequena faz parte de um novo cenário cultural. “A vantagem de uma lotação para 50 ou 60 pessoas é que, se você colocar alguém tocando gaita escocesa, vai encontrar 50 malucos que gostam disso e a casa enche. Por isso, não abrimos mão da proposta”.  
O público chega, talentos brotam, mas encontrar a fórmula ideal para fechar a conta no fim do mês ainda é uma tarefa em desenvolvimento para os organizadores. Todos contam com a parceria do artista para que o cachê seja mais baixo e acreditam pouco no apoio do poder público. “Não esperamos apoio do Estado, mas gostaríamos de ter mais clareza sobre as leis para evitar multas, por exemplo”, diz Don. Benjamim é mais crítico em relação ao poder público: “Nós fomos ficando reféns de patrocínio e editais. Temos de ser donos do que fazemos sem edital e patrocínio e fortalecer esse cenário. Se continuarmos existindo, vai rolar uma efervescência criativa”, aposta. (SV)

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