Júpiter em Gêmeos, Saturno em Escorpião, Plutão em Capricórnio, e a humanidade em estado de espera. O mundo não vai acabar, talvez uma pena para alguns. Plutão, o senhor dos infernos, aquele que sabe ser fiel, que cuida dos cantos sombrios dos medos humanos, espera pela filha de Deméter – a Mãe Terra – que alimenta e oferta cuidados para garantir a vida no universo dos humanos. O medo de compartilhar os próprios bens, saberes e talentos é mal ou bem humano, já que nos serviram para demarcar território, garantir a sobrevivência da prole e da família, das cidades, da existência razoavelmente organizada. Talvez porque compartilhar, no passado histórico, serviu para garantir a vitória das pequenas tribos. E o que uma coisa tem a ver com a outra?Quais as razões para se valorizar o garantir a preservação dos próprios valores já conhecidos? O que se ganha ao não se compartilhar quem se é e o que se tem? O medo do abandono não pode ser maior que a oportunidade de aprender algo que leve a alma para novas estradas, novas oportunidades de aprender que o amor está em quaisquer partes do mundo – e a rejeição também.
Dado que esta última – a rejeição – é mal quando não sabemos receber, menos ainda; a dar o pouco que se é quando se está neste planeta azul. Este canto de discórdias e prazeres que permitem o assentamento da alma por tão pouco tempo. Não temos tempo a perder, só vivemos aquilo que partilhamos, talvez por esta razão Hades seja o guardião dos infernos das dores humanas, porque apenas um ser capaz de fidelidade absoluta, ainda que infernais, tenha a aptidão para registrar os absurdos humanos e garantir que o pagamento do retorno de ciclo seja garantido.
Quando damos o amor com autoritarismo, recebemos a frustração, a sensação de abandono e a ausência de consciência. A esperteza na ação é instrumento do medo da ação pelo amor e confiança, a dificuldade que temos em despertar o nosso melhor, que de fato é muito difícil de acordar. Ao lado do medo, a companhia inseparável do afeto, mora a possibilidade de amar. Isto é fácil perceber quando olhamos os lugares prósperos, como florestas, rios e mares, onde grandes catástrofes podem acontecer, mas ao darmos oportunidade para o conhecimento, o envolvimento, o prazer, encontramos uma porta de saída, solução e fim do sofrimento, para despertar o melhor em nós.
O sádico e o masoquista que aceitam a imposição pura e simples, como instrumento de poder podre, de consumismo e desperdício, são por si – perdedores. Pois aumentam o sofrimento do mundo. O ser, mesquinho de sentimento, é capaz de pechinchar na feira da vida o mais simples dos contatos, de uma palavra de afeto, ao abraço de coleguismo, e assim a vida fica mais pobre. E isso afeta a todos com dor, falta e quem sabe, seja é a oportunidade de aprender como fazer diferente.
Então, neste mês de novembro, abra-se para a reflexão sobre o que pode dar, oferecer, para obter o que merece. Se promover discórdia e destruição, não espere receber algo diferente. Pois é mesmo uma questão de cultivo pessoal só vamos colher o que soubermos cultivar, seja no mundo físico, psíquico ou espiritual.