O primeiro contato dele com a Vila Madalena foi no início dos anos 1970 quando fez uma viagem para acompanhar alguns familiares. O aspecto brejeiro de Vila e uma aparente calmaria davam uma tênue identificação com a capital baiana. “Quando eu começo a falar do Soteropolitano e de como tudo aconteceu, a história não tem uma sequência linear, ela vai e volta”, esclareceu Julio Guilherme de Góes Valverde, o criador do restaurante especializado na gastronomia baiana mais antigo do bairro.
A Bahia, graças a Deus, lhe deu régua e compasso e ele se formou em arquitetura, pela Universidade Federal. Para dar maior graça aqueles dias calorentos de Salvador – se é que era possível – o seu Julio e um grupo de amigos se reuniam uma vez por semana na casa de um deles para uma confraternização que chamou de domingais. “Saíamos bêbados daquelas tardes e o papo das mulheres rendia”, contou rindo.
Na segunda vez que veio para a metrópole paulista, deixou um currículo. Seis meses depois, o cunhado ligou dizendo que a vaga num emprego o esperava. “Vim de mala-e-cuia, brincou”.
Era 1986 e Júlio Valverde chegou à cidade com a família toda. “A Vila era diferente de tudo. Aqui se reunia o pessoal do cinema, artistas plásticos, ateliês, era muito gostoso viver na região”, comentou. Os hábitos continuaram os mesmos com mudança apenas de cenário. Os domingos chegavam e com eles os amigos e as mulheres para os domingais. Dessa vez o sol se alternava com a garoa e os dias foram passando.
O sonho de abrir um restaurante o acalentou até quando recebeu um convite para promover um almoço beneficente, no último domingo de cada mês.
Em setembro, logo depois da entrada da primavera no Hemisfério Sul, o Soteropolitano muda de vila, da Madalena para Romana, na Rua Marco Aurélio, 451.