Regredir ou avançar

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Saí de uma dura prova de resistência que foram essas eleições. O resultado foi extraordinário pelas difíceis condições que tivemos. Chegamos lá e aproveito para agradecer a todos que me ajudaram com seu voto, com sua batalha, e é inevitável dizer ao mundo que a Vila tem deputado federal. Isso é bom. Mas a votação do Tiririca, com um milhão e trezentos mil votos, é um caso que merece reflexão. Foi ele, como antes foi o Cacareco, foi o Enéas e tantas outras demonstrações inequívocas de reprovação do processo político. E quando se reprova esse processo, é que as coisas não andam bem no País. A banalização das falcatruas e sua impunidade. A arrogância do governo federal montado no seu alto percentual de aprovação (Mao Tsé Tung chegou a 92%), destruindo a liturgia do cargo e prejudicando nossa parca institucionalidade. Preparar uma eleição presidencial para um plebiscito, sem qualquer compromisso programático, com a única preocupação de ganhar no primeiro turno, desmoraliza o processo eleitoral. Esses e outros desvios levam a população a cometer esse tipo de protesto, que é um verdadeiro tiro no pé.
Ainda bem que o Brasil tem distâncias não só geográficas, mas entre a sociedade e o governo tem uma folga que permite ao País caminhar independente dos desacertos e anacronismos governamentais. Dizia meu saudoso pai que, enquanto de dia a elite política atrasava um passo, à noite o Brasil avançava dois.
Faço minha confissão de fé dizendo que é possível de noite e de dia termos o mesmo comportamento. Regredir nunca e avançar sempre, preparando uma geração de dirigentes capazes. São dois pra lá, dois pra cá, como na canção de Aldir.

José Luiz de França Penna
Presidente do
Centro Cultural Vila Madalena

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