A Vila é ficha limpa

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Existem dois comportamentos odiosos e muito usuais na nossa sociedade. O primeiro é aquele do cada um na sua, como se fosse possível vivermos em completa independência uns dos outros e até competindo como se viver fosse uma corrida de cem metros. A outra, mais provinciana e igualmente triste, é aquela vigia diuturna e maldosa que gera os piores comentários a respeito de pessoas ou grupos, com o propósito de destruir.
Aqui temos muitos casos assim. Certa vez levantaram uma onda devastadora sobre a homossexualidade do saudoso Piriri (Vanderlei Rodrigues), e algum mal-educado, num instante que estávamos conversando, tocou no assunto para molestá-lo, no que, olhando pra mim, disparou: “eles não sabem nada dos artistas… eu, Alice Cooper, Mick Jagger”, como se estivesse saindo por cima da baixaria. Entendi e concordei. Tem também o caso de uma bela moça que chegou por aqui fazendo muito sucesso e depois de dois ou três apaixonados casos amorosos, caiu em desgraça pelo apelido de gold finger, naturalmente por alguma carícia pouco ortodoxa. Eu sei que cair na boca do povo é dureza.
Mas esse comportamento também afeta coisas menos folclóricas. Alguns países, como Portugal e recentemente o Paraguai, sofrem com isso. Algumas naturalidades são destratadas dentro do nosso próprio país. Ô baianada. Ê paraíba. Os políticos, então, são os preferidos para o sarro demolidor. Outro dia o eterno Maluf reagiu: “Sou a ficha mais limpa do Brasil!” Tem gente pra tudo e cara de pau ainda. E antes que venham as farpas para prejudicar nosso pedaço, é preciso reagir. Na “Feira da Vila”, com a festa que sabemos fazer, gritaremos para que o mundo ouça: “A VILA É FICHA LIMPA”.

 

 

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