O jornalista Sérgio de Souza, editor e um dos fundadores da revista Caros Amigos, editada desde 1997 pela Editora Casa Amarela, morreu dia 25 de março, de complicações pulmonares, no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo. No dia 10 de março, foi operado com uma perfuração no duodeno, que evoluiu para água nos pulmões. Seu corpo foi cremado na Vila Alpina, atendendo a uma antiga vontade. Jornalistas e amigos acompanharam a cremação
Serjão, como era conhecido pelos colegas, não chegou a concluir o curso superior, construiu em 50 anos de profissão, uma carreira marcada pelo humanismo no trato pessoal e pela excelência do texto, construído em publicações como Folha de S.Paulo, Realidade, Quatro Rodas e TVs Globo e Bandeirantes, entre outras.
Iniciou sua carreira através de um anúncio da Folha de São Paulo em 1959 com a chamada “Você quer ser jornalista?”. E como ele queria e mesmo sem experiência na profissão ele foi contratado e deixou o emprego de bancário. Na Folha foi revisor, repórter e editor. Em 1963, passou a integrar a equipe da Revista Quatro Rodas da Editora Abril. No ano de 1966, foi chamado para a equipe de Realidade, publicação mensal que marcou época no jornalismo do país. Também trabalhou na revista quinzenal de contracultural O Bondinho e no programa 90 Minutos. Segundo o jornalista Mylton Severiano, “Serjão era uma grande figura. A liberdade que nos conferia no trabalho era proporcional a qualidade do texto, cortante e contundente, sem perder a elegância”, em depoimento ao O Estado de São Paulo.
Para o repórter do Programa Globo Rural, José Hamilton Ribeiro, “Serjão, na Realidade ajudou a conferir um tratamento literário à reportagem brasileira. Depois dele e da revista, o texto em revista e jornal, engessado pelas regras do jornalismo americano, mudou completamente”.
Juca Kfouri, da Folha de São Paulo, assim se referiu a Serjão: “Quando Bertold Brecht escreveu que havia homens imprescindíveis porque lutavam a vida inteira, certamente pensou em alguém como o jornalista Sérgio de Souza. Quando Miguel de Cervantes imaginou seu cavaleiro magro, alto e inconformado com as injustiças, talvez conhecesse alguém como Sérgio de Souza viria a ser numa carreira que fez do jornalismo, verdadeiramente, um sacerdócio”.
Sérgio de Souza nasceu no bairro do Bom Retiro, deixou viúva a jornalista Lana Nowikow, com quem teve três de seus sete filhos.