Um musical mais do que brasileiro está em cartaz na Vila Madalena, num espaço chamado Sala Sambatá, recém-inaugurada no bairro. Nenhum texto, mas muita música e dança interpretados por dez músicos, três cantores e dez bailarinos, dão o tom de Baile Estelar, montado pelo diretor José Possi Neto e pelo músico Guga Stroeter.
Baile Estelar, terceiro trabalho em conjunto de Guga e Possi, é fruto de uma pesquisa na música brasileira das primeiras décadas do século XX, quando o Brasil consolida-se como República, as cidades crescem e começa a surgir a cultura de massa, apoiada na radiodifusão. É quando se cristaliza o conceito de música popular urbana que, graças a sua peculiar beleza e engenhosidade de ingredientes, assume papel fundamental na formação da cidadania. No repertório, canções como Aquarela do Brasil, de Ary Barroso; João Valentão, de Dorival Caymmi; Pau-de-Arara, de Luiz Gonzaga, além de sambas de roda, maracatu e músicas do cancioneiro popular, inspiram as cenas. “Com esse repertório podemos entender a evolução da música brasileira”, diz Guga. Ele esclarece que não há uma leitura literal das canções, pois a subjetividade é um dos preceitos do teatro-dança, onde os personagens se montam e se desmontam e não há uma trama com começo, meio e fim, mas uma atmosfera onde busca-se a identidade brasileira.
“Hoje não dividimos mais as nações, nem tampouco as culturas. O Brasil é essencialmente mestiço e são realidades diversas que compõem esse baile. Musicalmente somos fruto de uma música moura, que é a portuguesa, que é mediterrânea, da influência latina e toda imigração, da música afro e da música indígena. Se você pensa nisso como elementos astrais realmente que formam esse planeta, realmente é um baile estelar, quer dizer, são muitas influências étnicas que compõem esse baile”, lembra Possi. Segundo ele, não existe uma trama, mas o público percebe, seja num cantor ou num bailarino, que existe uma coerência de atitudes dentro do espetáculo.
Vale a pena conferir o espetáculo, que é garantia de diversão! Baile Estelar estará em cartaz até 20 de novembro, às quintas, sextas e sábados, às 21h, e aos domingos, às 20h.
