Por mais cabeludo que seja, Deus abençoe

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Todos parecem concordar que o segundo turno das eleições presidenciais ocupou o imaginário do brasileiro. Lula ou Alckmin se revezaram na mídia o tempo todo, criando essa sensação de que o nosso interesse estava reduzido a apenas isso. Mas não foi o que vi. Sentado na calcada da padaria MC, na esquina da Mourato com Wisard, como faço há mais de 30 anos nas eleições, revendo amigos queridos e os vizinhos de sempre, assisti o mais desanimado dos sufrágios. Não tinha emoção nem alma. E tudo era tão sem graça que tratei de ler todos os jornais para ver se achava algum assunto interessante.
Foi uma pequena foto, estampada na primeira página desses veículos, que me chamou a atenção. Justo no momento em que o mundo enfrenta a mais rude onda de intolerância, racial inclusive, a natureza sinaliza contrariamente ao nos oferecer a imagem de gêmeos, um negro e um branco, para o caminho da paz e da generosidade.É uma linda lição para aqueles que sabem ler os sinais da natureza. Cria uma perspectiva humanista neste ambiente conturbado em que vivemos. Um ser humano viável, coisa que parecia impossível. Porém, na maioria dos comentários, vingou a explicação científica, com suas variáveis genéticas, ou a suspeição do comportamento pouco ortodoxo da mãe. Que pobreza!
Escrevo nos primeiros dias de novembro. E não por coincidência este é o mês da consciência negra. Pelo contrario, ativa minha certeza de que ELA quis repercutir claramente contra o racismo. Contra a intolerância de qualquer espécie.

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