Esporte na veia

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Há dez anos, o jornalista esportivo Cléber Machado voltou a morar na Vila Madalena, bairro onde passou sua infância. Casado, uma filha, ele diz que, aqui, gosta de fazer qualquer coisa, como passear pelo bairro, fazer compras, ir a bares e restaurantes. Para ele, “a independência da Vila é um espetáculo”.
Cléber começou a carreira em 1979, trabalhando na Rádio Bandeirantes e na Rádio Tupi. Em seguida, integrou a equipe de Osmar Santos, no Sistema Globo de Rádio. Na televisão, estreou na TV Gazeta, e em 1988 foi contratado pela Globo, onde está trabalhando até hoje.
Cléber participa da cobertura dos mais importantes eventos esportivos do mundo, como Fórmula 1, Olimpíadas e Copas do Mundo, entre outros. Em um outro segmento, narra, desde 2001, o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Atualmente, ele também apresenta o Arena Sportv, um programa de debates sobre todos os esportes.
Conheça mais sobre Cléber Machado e veja o que ele pensa sobre a Vila Madalena, e também sobre futebol, boxe, F-1, Olimpíada, áreas em que atua e conhece muito bem.

O morador da Vila:

Quem é Cléber Machado? O que gosta de fazer na Vila Madalena?
Sou um jornalista que vai completando 30 anos de carreira. Comecei cedo. Se depender da minha opinião, diria que sou legal. Moro na Vila há dez anos, na volta ao bairro. Mas morei muito. Quando garoto, adolescente. Foi o bairro em que mais morei. Gosto de fazer qualquer coisa, tudo e nada. A independência da Vila é um espetáculo. Das compras, aos bares e restaurantes, ao nada. Uma coisa que gosto de fazer é andar pelo bairro, meio no exercício, meio no passeio.

Você acompanhou o crescimento do bairro. O que acha disto? Foi melhor ou pior para quem mora no aqui?
Quando eu era moleque não tinha o Fórum, pra se ter uma idéia de como mudou. Bar e restaurante eram raridades. Era, basicamente, um bairro bem residencial com um ou outro ponto comercial. A única coisa que me lembro, continua igual, são dois bares e o ponto de ônibus atrás do Max, o colégio. Melhor ou pior pra quem mora no bairro? Ah, tem os dois lados. Mais opção para não precisar sair de perto de casa, para andar a pé. Mas quem é vizinho de um lugar agitado, com muito trânsito, onde há desrespeito… Os freqüentadores, muitas vezes, devem ter saudade de tempos antigos.

Tem alguma outra coisa que gostaria de fazer na profissão? Ou que pretende fazer?
São quase 30 anos de profissão, entre rádio e tevê. No esporte, só nele, a maior parte do tempo. Quando trabalhava em rádio era da programação, do departamento artístico, nada de esporte. Aí, rolou, gostei e continuo. Não sei o que gostaria de fazer. Sou muito feliz com o que faço. Se fosse dividir, faria um programa que tivesse música como assunto.

Muitos momentos da sua carreira devem ter sido marcantes. O que destacaria? Coberturas de Olimpíadas, Fórmula 1, Copas de Futebol.
Tudo isso. Cada cobertura tem uma lembrança. Olimpíada, por exemplo, é show. Mas, confesso que quando entrei num estádio, numa Copa, foi sensacional. Até hoje, cada jogo, num estádio de Copa do Mundo, tem um clima espetacular.

Você foi cobrir esportes porque gosta ou porque praticava algum esporte? Se pratica, qual?
Praticar a gente sempre pratica. Nada que mereça destaque no livro das grandes exibições. Mas até hoje gosto de praticar. E de ver, ouvir, ler sobre esporte, sempre gostei e continuo gostando. Comecei a carreira esportiva narrando futebol de botão.

Boxe:

Durante muito tempo você narrou lutas de boxe. Como foi não narrar uma luta importante como a primeira luta do Mike Tyson depois que ele saiu da prisão?
Boxe é um esporte que divide opiniões, né. Quando você pensa sobre ele, acha estranho, dois caras se socando. Quando vê a gente fica meio magnetizado. Narrei algumas lutas bem legais. Esta do Tyson foi uma. Teve outra dele, quando mordeu a orelha do Evander Hollyfield. Não foi a mesma, foi?. E teve uma, nem me lembro quem lutava, que um maluco resolveu aterrissar de pára-quedas no ringue. Os seguranças não gostaram.

Fórmula 1:

Schumacher era da mesma escuderia do Rubinho Barrichello. Por duas vezes, se não me engano, no final da corrida, Barrichello, que ficou em primeiro lugar durante boa parte da prova, “deixou” o Schumacher passar. Em uma da provas você falou: “Agora não, agora não!… Agora sim!”. Foi um desabafo? O que achou da atitude do piloto brasileiro?
Foram dois GPs da Áustria, em dois anos seguidos. No primeiro o Barrichello estava em segundo e deu o lugar. No ano seguinte, em primeiro. Eu meio que apostei com o Reginaldo Leme que a Ferrari não inverteria as posições, já que ainda era muito começo de temporada. Aí, na reta final, fui de “hoje não..hoje sim”.. Esportivamente a Ferrari foi mal. E por mais que todo mundo reprove, o Barrichello não tinha nada muito diferente a fazer.

Este é o ano de Felipe Massa? Teremos um outro campeão de Fórmula 1? E o Rubens Barrichello e Nélson Ângelo Piquet, qual é a sua opinião sobre eles?
O Massa tem grande chance de ser campeão. Está maduro, num grande time e andando bem. O Nélson, pelo que dizem, mais experiente e com um carro bom, pode brigar por título. O Barrichello eu acho muito bom. Da geração atual, mais do que atual, nos últimos anos, sempre esteve entre os melhores. Acho mesmo que melhor que ele, de verdade, do meio dos anos 90 pra cá, só o Schumacher, que está entre os maiores de todos os tempos. E o Rubinho dividiu equipe com ele, é duro. Os outros bons deste período, pra mim, são iguais ao Barrichello, não melhores.

Bruno Senna (sobrinho do Ayrton Senna) chega até a F-1 em 2009? O peso do nome/carreira do tio ajudará ou prejudicará?
Ajudará a chegar e pressionará quando estiver. Dizem que chega no ano que vem, mas F-1 é cheia de detalhes e segredos. Agora, se ele chegar, independentemente do sobrenome, será muito por talento, que o Bruno vai precisar mostrar na pista.

Futebol:

Falando em Seleção Brasileira. O que está errado? Há muitas estrelas e poucos interessados em vestir realmente a camisa? Dunga classifica o Brasil para a Copa 2010 na África do Sul? Dura até lá a “Era Dunga”?
Acho que classifica, não tem como não classificar. Seria um desastre. Parece, de verdade, que nossos craques não são tão craques. São bons jogadores, com um ou outro acima da média. Se o Dunga resiste? Sei lá.

Quem é, no momento, o melhor jogador de futebol brasileiro? E o melhor time? Melhor técnico?
Brasileiro, o Kaká. Aqui no Brasil, nenhum acima dos outros. Melhor time, a mesma coisa. Um grupo de bons times, sem grande destaque. Técnico? Tem um ou outro que está acima. Mas são quatro ou cinco bons, cada um no seu estilo… Muricy, Luxemburgo, Autuori, Parreira, Leão, Mano Menezes…O Luxemburgo, como treinador, parece estar um pouco à frente dos outros. Aí, sem contar estilo, por história e resultados.

Olimpíadas:

O Brasil tem chance de medalhas nas Olimpíadas de Pequim? Em que esporte?
Sempre tem. Em todas as competições de vôlei. Alguns do atletismo. Judô, Vela.. Natação.. É difícil, a competição é dura, mas podemos fazer um papel razoável. Dentro das nossas possibilidades, pequenas, infelizmente, porque a gente aproveita pouco o tamanho do nosso país e o gosto que temos pelo esporte.

Acredita em alguma surpresa na equipe brasileira?
Surpresa não. Tem o pessoal que já vem se destacando. Ginástica olímpica, com a Jade Barbosa, o Diego Hipólyto e a Daiane dos Santos, quem sabe. O Thiago Pereira, na natação, está super bem. Jadel Gregório, Marilson dos Santos, Fabiana Murer no Atletismo. O Robert Scheidt no Iatismo não é surpresa, é favorito sempre. De verdade, para o Brasil, é super difícil. A gente conta mais com alguns talentos que surgem. Gostaria de ver mais modalidades fazendo como a Ginástica. Reunir um grupo, num centro único e treinar, treinar, contratar técnico bom… Penso que, desta maneira, os resultados viriam.

Você irá cobrir as Olimpíadas, certo? Trabalha-se muito, mas quais são os pontos positivos para quem vai a trabalho em um evento deste porte?
Não saiu escala ainda. Mas devo trabalhar, sim. Quem vai à cidade-sede trabalha bastante, mas consegue conhecer o lugar. Quem trabalha aqui no Brasil mesmo, também trabalha bastante, só que não conhece a cidade-sede. De verdade, a Olimpíada é um evento muito bacana. Dá trabalho, mas é super legal.

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