De policial a taxista e ator

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Suiang Guerreiro

Alto, bem vestido, falando muito bem, Luis Carlos Tokunaga impressiona pelo jeito simpático e por se envolver apaixonadamente em tudo que faz. Na própria vida, encarou vários personagens e teve sucesso com todos eles.
Durante oito anos foi policial militar. Trabalhou nas ruas, passou por situações de risco, mas o porte atlético o levou ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, onde foi segurança pessoal do ex-governador Orestes Quércia. “Saí da polícia por causa das condições de trabalho”, diz.
Terminada a fase policial, Luis abriu seu próprio negócio: um mercadinho na Zona Sul, mas logo mudou novamente de profissão: “Como eu já tinha licença, resolvi ser taxista”. Há dez anos, ele e mais dois amigos montaram um ponto de táxi na Vila.
Até aqui, uma história como tantas. Mas, um dia, uma corrida mudou a vida de Luis. “Numa manhã, uma mulher entrou no meu táxi. No trajeto, percebi que ela observava todos os meus movimentos na direção”. A maneira como ele dirigia, demonstrando uma segurança muito grande, chamou a atenção da moça, que perguntou o que Luis havia feito antes de ser taxista: “Fui policial”, respondeu. A passageira era a produtora de teatro Cristiane Zuan Esteves, que precisava exatamente de ex-policiais para um trabalho. “Fui escolhido”, conta o taxista, que participou de “Chácara Paraíso – Mostra de Arte Policial”. A montagem ficou em cartaz por duas semanas, em fevereiro, numa Unidade Provisória do Sesc da Avenida Paulista. Luis não esconde a satisfação de ter participado de uma peça como ex-policial: “Foi uma experiência maravilhosa”.
O nome da peça é referência ao maior centro de formação de soldados da Polícia Militar da América Latina, que fica em Pirituba. Os diretores, o suíço Stefan Kaegi e a argentina Lola Arias, misturaram o real e a ficção numa peça experimental, muito elogiada pela crítica. Para Luis, “foi uma experiência nova, o público tinha reações diferentes, perguntavam e se emocionavam. Era uma coisa completamente interativa e diferente do que conhecemos”.
De volta ao volante, Luis continua a vida. “Desenvolvo um trabalho diferente como taxista”, conta ele. E mais: “Sempre tenho o Guia da Vila Madalena no carro para oferecer aos passageiros”.

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