Quem passa pela Igreja do Calvário na confluência das Avenida Sumaré, e Ruas Henrique Schaumann e Cardeal Arcoverde, não deixa de admirar um imenso painel que retrata o Largo de Pinheiros em 1920. O autor deste trabalho é o artista plástico e ex-grafiteiro Eduardo Kobra.
O projeto chamado de “Memória de São Paulo” teve início em 2006, mas Carlos Eduardo Fernandes Léo, ou como é mais conhecido, Kobra promete “espalhar painéis por toda a cidade como se fosse uma viagem ao passado, através de imagens antigas que a cidade já teve”. Na outra lateral da igreja do Calvário, na subida da Rua Lisboa, encontramos outros painéis no mesmo estilo.
Paulistano e morador da Vila Sônia, Kobra diz que ter feito estes trabalhos na Vila Madalena foi importante pela visibilidade. O incentivo que teve do Projeto Aprendiz “foi fundamental” e criou na fachada lateral do projeto um painel com um bonde-camarão, que antigamente circulava pelo bairro.
Autodidata, sempre gostou de desenhar e ligado ao movimento hip-hop, iniciou pela pixação, no final dos anos 1980. “Pixava por pixar, não havia nenhuma proposta de passar mensagem ou coisa assim”, explica ele. Com o passar do tempo, conheceu o spray, os stencils e as cores entraram em seu trabalho e seu traço foi ficando mais aprimorado.
Conheceu os murais através do trabalho do norte-americano Eric Grohe, que fez da arte um meio de transformação. Foi convidado pelo arquiteto Márcio Luz a fazer um painel retratando o Porto de Santos em 1920, na Avenida Sumaré em 2006. Com o reconhecimento ao trabalho, Kobra resolveu fazer outros painéis pela cidade.
Ele próprio é que arca com as despesas de material. “Falta patrocínio e apoio”, reclama. Para realizar seu trabalho conta com a colaboração de Aguinaldo Brito e Adriano da Motta e de Andressa Munin, a namorada, que se divide em sua carreira de atriz e o trabalho com Kobra. Para ganhar a vida, trabalha para o Playcenter, Beto Carrero e outras empresas realizando trabalhos envolvendo a pintura. Atualmente finaliza um outro painel na Avenida Rebouças.