A terra de São Nunca

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Sinto nos olhares dos amigos da Vila aquele pesar que se dedica aos derrotados. Será porque o Coringão está cai mas não cai? É verdade que continuamos numa situação delicadíssima na tabela. Nosso quinhão argentino não agüentou a mordida do Leão e o que ficou declara no formulário simples em termos de futebol. Porém, ainda acho exagerado que essa fase clubista possa merecer tantas condolências. E penso outros motivos para me acudir com alguma explicação. Não será o atraso da Feira da Vila…? Puxa! Nunca sofremos tanto, eu e Vângela, atrás de laudos, taxas, muitas taxas, pára-raios, ajoelhados no milho pedindo para que façamos a festa do bairro. 30 anos de trabalho comunitário é como se não significasse nada. Mas faremos tudo como sempre fizemos: um ato de alegria civilizadora.
Embora tudo isso faça sentido porque são coisas muito queridas pra mim e todos sabem, fico insatisfeito achando que não cheguei à questão real. Comentei com o Edmundo e ele com sua visão eternamente anarco-planetária deu números econômicos da balança comercial e da bolsa de valores para dizer simplesmente que eu estava vendo coisa demais e que as reações das pessoas eram explicadas por essas dificuldades e que nada tinham a ver comigo. Agradeci, insatisfeito como sempre, porque a justificativa passou longe do meu sentimento. Tinha que haver algum motivo maior, raciocinava .”E aí, Penna, vi você e o Gabeira azucrinando a vida dos sanguessugas lá no Congresso. Mas não vai dar em nada. Não adianta. Tudo vira pizza neste País”, disse um morador amigo. E aí está a revelação. Os brochadores estruturais. Os que torcem contra estão achando que venceram a batalha e já sentem pena de mim.
Fui procurar o Bartô, que é um conselheiro para essas horas, e crente que ouviria algo estimulante pra fundamentar minha reação, e o que ouvi foi desalentador.”Essa é a terra de São Nunca. Nunca vai dar nada certo. Nem agora, nem nunca”. Disse meu mestre em tom professoral. E ainda assim continuo perseguindo o que parece inatingível, contrariando o fluxo pessimista, eu acredito sempre.

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