Valorizando a vida

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Kátia Gomes

Quem nunca se sentiu sozinho, precisando de um amigo para desabafar? É comum as pessoas terem dificuldades em encontrar quem se disponha a ouvi-las em momentos de crise. Muitas vezes, por falta de disponibilidade de amigos ou medo de julgamento, as pessoas se calam e o sofrimento permanece intenso, dificultando a busca por uma solução ou alívio. Não é raro que, até em situações de muita alegria, as pessoas encontrem dificuldade em compartilhá-la. Foi justamente, em 1962, em decorrência do aumento do número de suicídios nas grandes cidades, que o Centro de Valorização da Vida (CVV), entidade sem fins-lucrativos, surgiu para oferecer apoio emocional nos momentos difíceis, facilitando o desabafo, aliviando o sofrimento e neutralizando idéias autodestrutivas. Atualmente, o CVV conta com 57 postos nas grandes cidades brasileiras e o trabalho é realizado exclusivamente por voluntários, hoje mais de 2.800.
O serviço de atendimento é prestado de forma ininterrupta, 24 horas por dia, inclusive domingos e feriados, por telefone, correspondência, e-mail ou pessoalmente, não há vínculo religioso, político ou de qualquer outra espécie e é totalmente gratuito. A ligação não é identificada em conta telefônica e custa a tarifa normal das operadoras.

Sigilo

Ao procurar o CVV, a pessoa não precisa identificar-se, nem sequer dizer o nome. É livre para falar, ou não, pelo tempo que necessitar e lhe é oferecido sigilo, compreensão e aceitação. Essa acolhida, num clima de amizade, mesmo que temporária, ajuda a pessoa a perceber melhor seus sentimentos, falar sobre eles, expor seus receios, aliviar sua dor e, muitas vezes, encontrar caminhos novos, por si mesma.
Para se ter uma idéia da necessidade que o ser humano tem de dividir e tentar amenizar a ansiedade, a angústia ou tendências suicidas, o CVV atende, em média, uma ligação a cada 33 segundos, num total de 1 milhão de chamadas ao ano, sendo o sexto serviço telefônico mais procurado do Brasil. Pelo compromisso com o sigilo, o CVV não faz estatísticas, apenas registra a quantidade de chamados. Portanto, não há como traçar um perfil das pessoas que procuram pelo CVV. Sabe-se que muitos deles são solitários, e a solidão pode atingir qualquer um, independentemente de idade, sexo, classe social ou profissão. Ela caracteriza-se pela dificuldade de um diálogo sincero consigo mesmo e a busca de alguém que o compreenda.

Seleção

Quem se identifica com a proposta do CVV e quer doar um pouco de si, pode participar do Programa de Seleção de Voluntários (PSV), que acontecerá nos dias 17 e 18 de julho, das 12h30 às 19h. Os interessados devem ter mais de 18 anos, espírito de solidariedade, disponibilidade para realizar um plantão de quatro horas e meia, uma vez por semana, e participar de uma espécie de treinamento que dura nove semanas e acontece a cada dois meses. No ato da inscrição, a pessoa precisa levar apenas os documentos (RG, CIC e comprovante de endereço). Não há testes. O perfil do candidato será analisado durante o curso teórico e prático, oferecido gratuitamente.

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