Kelly Monteiro
Diz-se que agosto é o mês do “cachorro louco” por que se convencionou realizar nesta época as campanhas de vacinação de cães e gatos contra o vírus da raiva, doença que acomete diversos mamíferos, inclusive o homem. Este ano, a campanha do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) acontecerá até o dia 15 e haverá 1650 postos volantes em toda a capital, inclusive na Vila Madalena e região. Além disso, os proprietários podem vacinar os animais de estimação nas clínicas veterinárias do bairro e com os veterinários que atendem em domicílio.
Em alguns países, a raiva humana está erradicada e nos animais domésticos controlada. No Brasil, a doença ainda faz vítimas. Por exemplo, no estado de São Paulo existem regiões onde a epidemia entre os animais é crescente, portanto, nunca é demais lembrar que a doença só será totalmente erradicada quando a população estiver consciente de seu papel, ou seja, da posse responsável de cães e gatos, que inclui cuidar da saúde dos mesmos, além da proteção aos animais que vivem nas ruas.
O vírus da raiva é transmitido pela saliva do animal infectado quando entra em contato com a pele ou mucosas de outros animais ou humanos, através de mordidas, arranhados ou lambidas. Nesses casos, a primeira coisa a ser feita é limpar bem a lesão e administrar a vacina anti-rábica. É a única forma de evitar a morte do paciente infectado. Além disso, é preciso haver integração entre o atendimento médico e o veterinário, analisar as circunstâncias em que o acidente aconteceu, avaliar o animal potencialmente transmissor do vírus observando seu comportamento e verificar o risco epidemiológico da raiva. Segundo dados do Instituto Pasteur, o principal transmissor, no Brasil, é o cão, seguido do gato. Os animais silvestres, como o morcego, são os reservatórios naturais do vírus, propiciando a contaminação de animais domésticos.
Os sintomas da doença, tanto nos homens quando nos animais são praticamente os mesmos. Perturbações nervosas, como excitação, depressão e paralisia, além de hábitos alterados, agressividade, salivação excessiva e recusa de alimentos, podem caracterizar a contaminação pelo vírus da raiva. Os humanos ainda podem sentir falta de ar, hidrofobia (horror à água), angustia, insônia e hipersensibilidade.
Além da vacina anti-rábica, os animais devem ser vacinados contra doenças como parvovirose, coronavirose, cinomose, leptospirose, hepatite, parainfluenza, giárdia e tosse canina (causada pela bactéria Bordetela). Os filhotes de cachorros devem receber a primeira das três doses da vacina (V8 ou V10) entre 40 e 60 dias de vida, exceto a anti-rábica e a contra tosse canina, administradas após os três meses. Nos gatos, a vacina múltipla contra rinotraqueíte, calicivirose, panleucopenia, clamidiose e leucemia deve ser aplicada aos 60 dias de vida. A vacinação anti-rábica pode ser feita com a terceira dose da vacina múltipla. Depois de adultos, eles devem ser vacinados anualmente. É importante lembrar ainda que o animal só está protegido após 15 dias da última dose das vacinas e que o veterinário deve fornecer ao proprietário o comprovante de vacinação, válido por um ano. Este comprovante é um documento e deve ser usado para registrar (Registro Geral do Animal – RGA) seu cão ou gato junto aos órgãos competentes.