Passeando pela Vila, tudo levava a crer que era mais um domingo daqueles em que a gente encontra o Gilberto Dimenstein reinventando o bairro. Mas não era. Era sábado, dia 1º de janeiro. A ficha só caiu devido ao jeito como me olhavam os amigos de sempre. Pareciam perguntar: “E agora, qual é a de 2005?”
Continuei caminhando e tentando responder. Olha que 2004 foi um ano difícil. Tivemos a guerra do Iraque e a reeleição do Bush. O Brasil foi mal nas Olimpíadas. Mandamos tropas para o Haití. Enfim, complicações em todo o mundo. E esse desfecho dramático do maremoto na Ásia, revendo agora, ficou com jeito de expiação final de todas essas dificuldades. Ainda tivemos o incêndio tenebroso na boate argentina que reforçou a idéia de fechamento do ciclo das vacas loucas e magras, para iniciarmos um ano com signo feminino. 2005 será regido pela Lua, como afirmam os astrólogos. De outro lado, os nossos expoentes da cultura afro afirmam ser um ano de Oxum, Yemanjá e de Yansã. Reforçando a idéia da feminilidade.
É claro que é um bom presságio. E continuei nesse raciocínio tentando achar o que de importante poderia acontecer. Descobri que não teremos Copa do Mundo este ano e que a eleição de 2006 já começou em 2004. O Carnaval começa logo no início de fevereiro, deixando a gente sem aquela ansiosa espera, tanto pela festa em si, quanto pelo feriado prolongado. Teremos poucos feriados prolongados.
Será que deram para a regência feminina um ano onde nada acontecerá? Será que a divina providência é tão machista a ponto de oferecer um ano sem graça para seu lado mulher? Eu acho que o Bira e o Kazu devem ter alguma influência nesse fenômeno, pois são discípulos diretos do mestre Mineiro que ministra o curso de machismo anacrônico todas as tardes no Ponto “X” da Fradique.
Não posso crer. Algo acontecerá de bom. Minha caminhada e meu raciocínio foram interrompidos por um grito animado de Léo. Estava na porta do Empanadas e Léo queria festejar comigo a contratação do Tevez e a conseqüente recuperação do Timão. Puxa, olha aí uma coisa boa! Timão campeão no ano da Lua, de Yansã, Oxum e Yemanjá. O Timão é feminino!
