Ensinamentos do seu Franko

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Kátia Gomes

Seu Franko deixou saudades. O espanhol anarquista morador da rua Agissê e professor de natação não sai da memória dos moradores mais antigos da Vila Madalena.
Citado na crônica de Pedro Costa, da edição de março do Guia da Vila, a história de Franko Vlasic Bajtalo, falecido em 1991, atraiu pessoas de todos os cantos. Sua neta, Silvia Batjalo Martins, moradora de Alphaville, tomou conhecimento da crônica por intermédio de uma amiga que está nos Estados Unidos, mas a mãe reside na Vila. Ela encaminhou uma foto de seu Franko à beira da piscina para a Redação do Guia da Vila que, claro, a publicou nesta mesma seção no mês de junho. A repercussão foi ainda maior.
Ao ver a foto daquele senhor tão querido, conhecido como seu Franko da piscina, estampada na página do Guia, as lembranças da psicopedagoga Izinabel de Oliveira Moreira foram reacendidas. Ela como tantas outras pessoas, teve sua história com seu Franko graças à piscina de sua casa onde dava aulas para a garotada a preços irrisórios. Seus três filhos, hoje adultos, aprenderam a nadar com ele por volta de 1984. Izinabel mesmo, conta que aprendeu a dar suas primeiras braçadas com o professor da rua Agissê. “Ele tinha uma técnica muito especial de ensinar e encorajar as pessoas. Geralmente distribuía 12 fichas para as crianças, cada uma correspondia a uma aula, e apostava que no final elas já teriam aprendido a nadar. Seu Franko valorizava o que cada um tinha de melhor com muita sensibilidade e conseguia perceber quais eram suas necessidades de forma muito sábia”, recorda com os olhos marejados.
Depois de aprenderem os quatro estilo de natação, Izinabel e seus filhos continuaram freqüentando a casa de seu Franko até três dias antes dele falecer, vítima de câncer no pulmão aos 76 anos. “Depois disso, nunca mais nadei. Não tem a mesma alegria”, comenta ela, que perdeu o contato com a família quando a antiga casa deu lugar a um prédio e a esposa de seu Franko se mudou para a Moóca. “Só quem o conheceu sabe o quanto era especial. As pessoas são fruto do meio em que vivem. Se meus filhos são hoje adultos maravilhosos, muito se deve ao convívio com seu Franko”.

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