Kátia Gomes
Atualmente vivemos em uma sociedade que valoriza o individualismo, a competição, o consumismo, prazeres momentâneos e imediatos; que não tolera a expressão de sentimentos, o diferente; que perpetua descontentamento, relacionamentos confusos, problemas de saúde e estresse. Estes valores distorcidos do mundo adulto se refletem nas crianças, prejudicando sua qualidade de vida. E por que esperar que os pequenos cresçam para se pensar em mudar este paradigma? Foi esta a pergunta que a diretora pedagógica do Centro Educacional Querubim, Izinabel de Oliveira Moreira, se fez diante de tanta perplexidade.
Ela mesma encontrou a resposta e a solução. Percebendo que através de um trabalho corporal, com exercícios de relaxamento e respiração, poderia contribuir para que as crianças vivenciassem e se conscientizassem do próprio mundo interior, assim como das outras pessoas, Izinabel inovou ao incluir na rotina dos alunos da turma de Educação Infantil I, faixa etária entre dois anos e meio e seis anos, a prática da meditação. Diariamente, antes de entrarem para a sala de aula, as crianças se reúnem no quintal do Querubim para ter 20 minutos de relaxamento. Quem orienta a turminha é a professora Andréa Jota, que há anos pratica exercícios físicos e meditativos. “Procuro desenvolver atividades corporais em seu aspecto mais lúdico, por exemplo, imitando as formas e movimentos dos bichos, uma das bases do Tai Chi, sempre trabalhando com seus significados no intuito de atingir aspectos interiores das crianças”.
Desde janeiro este trabalho vem sendo desenvolvido por Andréa e já é possível perceber mudanças no comportamento das crianças. “Elas estão bem mais calmas e concentradas. O rendimento escolar melhorou muito. Os pais já perceberam a repercussão fora da escola e pedem para também participarem. Estamos avaliando esta possibilidade”, afirma, destacando que o objetivo é aquietar a mente, inibindo a produção de adrenalina e produzindo mais endorfina até chegar a um estado de meditação. E as crianças conseguem? Segundo Andréa, sim. “Algumas chegam a dormir e outras até relatam o que sentiram”.
Andréa afirma ainda que as crianças se sentem mais confiantes e seguras. “Pretendemos germinar em cada criança, para toda sua vida, um potencial em lidar de maneira harmoniosa com seus conflitos e escolhas e assim obter uma melhora significativa em sua qualidade de vida”.