7 anos de Aprendiz

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Kelly Monteiro

A Cidade Escola Aprendiz, na Vila Madalena, acaba de completar sete anos. Por este tempo de dedicação à comunidade, visando sempre a educação e a melhoria da qualidade de vida de crianças, adolescentes, adultos e idosos, a organização não-governamental realizou uma festa com direito a música, shows, inauguração de dois novos espaços e o lançamento de um livro.
As 10h30 da manhã ensolarada de sábado, a Praça Aprendiz das Letras já estava lotada de gente. Alunos, professores, idealizadores, parceiros e amigos da ONG foram prestigiar o evento. Entre eles, Rubem Alves, que presenteou a entidade com o livro “Aprendiz de Mim”. O escritor, professor, psicanalista e, agora, padrinho da entidade fez, nas páginas do livro, um passeio pela história do Aprendiz. Além de contar como vê o trabalho feito pelos “conspiradores”, ou colaboradores, na execução de um projeto sonhado pelo jornalista Gilberto Dimenstein, Rubem abre espaço para que essas pessoas contem suas histórias. É o caso de Esmeralda Ortiz que, aos oito anos de idade já morava nas ruas, usava drogas, passou pela Febem e hoje atua na Cidade Escola. “A maior lição deste evento é a alegria. E no Aprendiz aprende-se as coisas da vida com alegria. As escolas não precisam ser chatas e os professores não precisam ficar aborrecidos porque há uma grande possibilidade de vida”, resume o professor, acrescentando: “Tenho muita raiva daquelas pessoas que dizem que educação é preparar para a vida, como se a vida fosse alguma coisa que vai acontecer no futuro. Enquanto você está vivendo, está alegre e aprendendo”.
Outro ponto alto do evento foi a apresentação de parte do espetáculo “Samwaad – Rua do Encontro”, idealizado e coordenado por Ivaldo Bertazzo. Através do projeto Dança Comunidade, o coreógrafo levou a dança indiana à periferia paulistana. Durante meses, 54 adolescentes se prepararam tendo aulas de fisioterapia, lingüística, origami, circo, música e dança, mostrando que, mesmo jovens de baixa renda, podem aderir a novas culturas, atingindo um alto grau de desenvolvimento intelectual e emocional. Ivaldo Bertazzo recebeu o Prêmio Aprendiz de Educação Inovadora pelo seu trabalho.
A ONG também inaugurou a Vitrine Aprendiz e a nova sede do projeto Escolinha na Praça. O primeiro é dedicado aos artistas plásticos, que poderão expor suas obras e, em troca, ensinar a sua arte na própria escola. Já a Escolinha desenvolve trabalhos de arte-educação e atividades lúdicas.
“Este é um projeto comum, onde mostramos a capacidade de um bairro de educar as crianças e adolescentes”, lembra Gilberto. Segundo ele, a Cidade Escola Aprendiz só é uma referência quando se fala em educação graças ao empenho da comunidade, dos artistas, das escolas, famílias e comerciantes; dos atores sociais que ajudaram a criar uma experiência diferenciada. “Ainda há muito que se fazer”, diz o jornalista, “este ano é importante para nós porque conseguimos expandir os projetos e a Unicef veio para transformar a Cidade em piloto para experiências internacionais. E há outros lugares de São Paulo querendo saber como se cria bairros com fundamento educativo”, completa. Cidade Escola Aprendiz: uma mostra de que vale a pena investir na educação!

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