Tão pequenino de um país tão grande

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Quando encontro alguém na rua, ou mesmo quando entro em algum estabelecimento, sempre acho um chato para me perguntar invariavelmente sobre o mensalão. Você já recebeu o seu? E imediatamente exclama: “Que coisa hein!” Tudo o que vem depois tem uma tristeza de araque, esperando naturalmente a minha reação. Eu respondo: “É…”. Assim, meio reticente, porque não suporto mais esse espírito muito brasileiro de querer ver e se divertir com o circo pegando fogo.
De onde será que vem esse comportamento? Qual a razão política para agirmos sempre dessa maneira? E enfrento esse cotidiano de dias tão nebulosos sem ver o poço, nem a luz do fim do túnel. E chovem notícias alarmantes. Desta vez uma secretária. Da outra, novas contas bancárias. E a boataria acende a imaginação popular, animando sobre maneira, esse viés tragi-cômico que possuímos.
Até aí vou resistindo, porém sigo evitando cruzar o meu caminho com os ícones do pessimismo estrutural. Imagine num momento como esse ter pela frente um grupo deles. “E agora, Penna, você não vai falar nada?” Será a primeira pergunta. E eu, otimista, confesso que já tripudiei dos pessimistas tantas vezes. Não posso ficar sem resposta. Mas vou falar o quê? Que não se pode fazer alianças com esses setores conservadores com praáticas políticas viciadas. E se você facilitar com um dedo eles contaminam todo o corpo como uma moléstia virótica. Não se satisfarão com essa afirmação. Continuarão achando que eu estou enrolando, porque eles querem a minha confissão de derrotado, e ouvir de minha boca que eles tinham razão, pois o País nunca vai ter jeito. Melhor então, não encontrá-los.
Sigo com meus pensamentos e lanço os olhos sobre a vida real. As pessoas continuam fazendo suas coisas. A juventude com a energia de sempre. Os bancos com suas filas e os carros lotando as ruas. Os bares da Vila cheios. E o governo? O governo é tão pequenino e o País tão grande.

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