Tenho ouvido por todo canto onde ando uma expressão contundente. É engraçado que de vez em quando acontece isso no País. Escolhe-se uma frase ou mesmo uma palavra para explicar tudo. No momento “eu tenho nojo” ou “um nojo”, é a consagração total. Tive o trabalho de ir ao dicionário do mestre Aurélio e lá estava: “Náusea, enjôo, repulsão, asco”. Claro que diante da violência sobre a doméstica na Barra da Tijuca pelos jovens de classe média não tem como não sentir nojo.
O tratamento dado aos escândalos políticos e a impunidade, também são traduzidos perfeitamente pela expressão. Como é que foi o jogo da Seleção contra o México? Um nojo. E aí por diante. Para explicar a arrogância de uma estrela ou personalidade pública, ou uma comida mal feita, até uma fruta azeda, nada é melhor do que “um nojo”.
Mas tem um ponto em que a minha reflexão esbarra. Não sinto a indignação nas pessoas. E sem indignação não há movimento contrário e não há avanço. Temos vivido no Brasil alguns fenômenos raros. Por exemplo: a economia vai bem, a política vai mal e isso não aconteceu antes. A perda do sentido de nação e ascensão da individualidade sobre o coletivo transformou o “salve-se quem puder” numa prática eficiente para a sobrevivência das grandes massas.
Então, o uso massivo da expressão em moda denuncia a sintonia com esse momento atual descrito acima. “É um nojo” é a antítese do “estou indignado”. A primeira é um recolhimento individual, a segunda uma tentativa coletiva de resistência.
Embora reconhecendo estar fora da moda, eu prefiro estar indignado. Que é estar no campo procurando as brechas para marcar posição. Porque o pior que pode nos acontecer é tirarmos o time e perdermos por W.O.