Volta do junho de antigamente

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José Luiz de França Penna

Aos poucos começo a sentir as festas juninas voltando. E não é um delírio desses que vem de uma vontade própria tão intensa que pode enganar. Existem exemplos de movimentos semelhantes de recuperação, tanto espontâneos quanto por determinação de grupos ou pessoas. Lembro do Jorge Amado conclamando o Brasil para salvar a Irmandade da Boa Morte em Cachoeira na Bahia. E tive a oportunidade de estar com a Irmandade justo no funeral do escritor baiano. Já que estou por essas bandas, também Gilberto Gil fez algo parecido com os filhos de Gandhi, que estavam numa situação de desmantelo total, e hoje enchem de cor branca as avenidas no carnaval.
Não sei. Talvez o forró universitário, tão mal recomendado pela crítica, tenha dado uma contribuição decisiva. O fato é que os sinais são fortes. Estamos sonhando em ter uma programação própria para estas festas como eram antigamente. Tudo muito rico cultural e esteticamente. Música, comida, e roupas próprias, um acontecimento importante.
E não acho que seja esta uma tendência isolada. Sinto que a pluralidade cultural do país começa a ser vista como riqueza. E antes tarde do que nunca. Porque no tempo do regime autoritário, aquele da revolução militar, tentaram fabricar uma cultura híbrida para todo o Brasil, usando a televisão para unificação da linguagem. O direito à diferença era visto como vozes do passado, ou mais grave ainda, um interesse subversivo de bagunçar o progresso pátrio.
A gente tem que conviver a cada momento com a burrice de plantão. Ainda bem que de vez em quando nos animamos com um sinal como esse. A volta do junho de antigamente.

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