Veterana no teatro, Carol Hubner monta sua própria produtora para “desenvolver o que quiser”, ainda que o apoio financeiro demore a chegar.
Ela está em cartaz com a peça A Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca. Coube a Carol Hubner interpretar a personagem Martírio, uma das filhas da opressora Bernarda Alba. Sintomático. Não que o teatro seja um martírio para a atriz. Desde adolescente, ela sabia e queria que o palco fosse parte de sua vida; e nunca teve outra profissão. O martírio está em viver de teatro no Brasil. “Não consegui patrocínio, e eu tentei. Você só consegue fazer teatro se estiver na Globo”, lamenta. O resultado é que os nove atores não estão conseguindo tirar um centavo. “São 3,5% de bilheteria por pessoa. Teve um dia que cada um recebeu R$ 1,75”. Junto com os sócios Theo Moraes e Samara Pereira, a atriz abriu a Companhia de Teatro DOM Produções, responsável pela produção da peça, o quarto trabalho da empresa. “Ser produtora é poder desenvolver o trabalho que eu quiser”, pontua, com os olhos azuis arregalados e o sorriso aberto. Mesmo assim, ela sempre recebeu total apoio do marido, o tenista Fernando Meligeni, incluindo os cuidados com o filho Gael.
Quem quis encarar o texto do dramaturgo espanhol foi Theo Moraes, que faz o papel da matriarca. Carol topou de imediato pois, aos 15 anos de idade, teve contato com a história ao assistir a uma apresentação de um grupo teatral. “A parte religiosa é a que mais me pega. Eu estudei em colégio católico. Atrapalha um pouco a vida”. No acúmulo de tarefas, Carol checa se tudo está em seu lugar antes de assumir seu posto no palco, nua em pelo, mesmo estando com quatro meses de gravidez.
Por sete anos, a atriz atuou no teatro Bibi Ferreira em As Filhas da Mãe, De Artista e Louco Todo Mundo Tem um Pouco, Ervilha Sapo Junior, sob a direção de Marcus Vinicius de Arruda Camargo. Mudou de rumo porque não se sentia instigada. “Quero aprender, aprender, aprender…”. Como ainda não pode contar com os recursos financeiros vindos do tablado, a atriz faz alguns comerciais e participa de eventos.
Do alto de seu prédio, Carol vê tudo o que rodeia a Vila Madalena, onde mora. “Adoro essa vista”. Paulistana, diz que gosta da cidade, mas se recente de um transporte adequado e de uma certa falta de civilidade. “Às vezes pego metrô com meu filho e as pessoas não dão lugar”.