A jornalista Rosane Queiroz escreveu um livro onde revela quem são as musas das músicas.
O livro “Musas e músicas: a mulher por trás da canção” (Editora Tinta Negra), reúne 33 histórias que explicam como algumas músicas foram feitas e quem inspirou o autor e levou cerca de 10 anos para ser lançado. “Esse foi o tempo que levei para escrever o livro, desde a ideia original até o lançamento”, conta a autora que é jornalista com passagem por redações como a Marie Claire, onde trabalhou por 10 anos. Hoje, Rosane colabora com publicações como Vida Simples, Brasileiros e Veja SP Luxo, com reportagens especiais, perfis e entrevistas, além de atuar em produção de conteúdo e consultoria editorial.
A música sempre fez parte da vida de Rosane. “Como tenho família religiosa, comecei cedo a participar de corais de igreja e foi um legado que a religião me deixou. Foi no coral que aprendi muita coisa em matéria de música”. Desde os 7 anos toca piano. Mas nos últimos anos, Rosane resolveu investir mais na música e lembra que fez shows pela Vila Madalena como no Dartur Bar, restaurante Almodóvar, Livraria da Vila da Fradique Coutinho e mais recentemente no Espaço Cultural Alberico Rodrigues. Nestes últimos dois, “foram um bate-papo musical onde eu cantei músicas do meu livro”, diz.
Para revelar quem eram as musas, Rosane viajou até os compositores e musas, mas também usou a tecnologia disponível, ou seja, Skype e e-mails para saber das histórias que estão atrás das músicas. “Fiz o trabalho de pesquisa e entrevista sozinha sem patrocínio”, explica.
Quando iniciou o trabalho de entrevistas, Rosane foi bem recebida por muitos compositores e musas, mas também teve algumas dificuldades. Ela não conseguiu entrevistar a “santíssima trindade”, ou seja, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil que ela teve contato depois do livro lançado e que prometeu recebê-la em breve para falar de suas músicas dedicadas às mulheres.
“Quando o livro ficou pronto encontrei uma editora no Rio de Janeiro que editou o livro. Mas a distribuição não foi muito eficiente e apesar de críticas e resenhas positivas de jornalistas como Nelson Motta, algumas pessoas não conseguiram comprar o livro”, lamenta.
O livro “Musas e músicas…” não é o primeiro que Rosane escreveu. Em 2004, ela contou sua experiência pessoal de morar sozinha no livro “Só – Dores e Delícias de Morar Sozinha”, (Globo), e que está disponível em e-book pelo site http://e-galaxia.com.br. Em breve, Rosane vai lançar outro livro, “Direncial: qual é o seu?”. E ela tem outros projetos que devem virar livros. Um deles seria a continuação, ou volume 2 do “Musas…”. “Tenho reunidas mais umas 20 histórias para serem contadas”, adianta e pensa em uma versão masculina, “São poucas músicas dedicadas a homens. Tem a “Leãozinho”, do Caetano Veloso, “Amigo”, do Roberto Carlos e “O samba do Arnesto”, do Adoniram Barbosa. Uma característica é que são músicas escritas para amigos e não por amor como as dedicadas às mulheres”.
Saber quem foi e como a música foi criada são os pontos altos do livro “Musas…”. Lígia, de Tom Jobim, diz o capítulo do livro “era uma professora primária e de fato, não andou com Tom Jobim pela praia até o Leblon, mas aceitou uma carona no fusca azul do maestro”. Anna Júlia, primeiro sucesso da banda Los Hermanos é outra história deliciosa. Entrevistada, a musa contou à Rosane que o ar blasé com que a banda a descreveu seria na verdade, apenas timidez.
As músicas e as musas estão divididas em capítulos no livro de Rosane, o que permite ao leitor não seguir a ordem da edição, mas todas as histórias merecem serem lidas. Algumas são divertidas e outras mostram a criatividade do compositor. O hit “Menina Veneno”, do Ritchie foi fruto da sua imaginação, assim como “Marina”, do Dorival Caymmi. Corações partidos por paixões arrebatadoras e romances proibidos estão por trás de algumas músicas que já se tornaram clássicos. Por outro lado, mulheres de verdade viraram músicas e sucesso. Exemplo disso, “Pérola Negra”, de Luiz Melodia, “Madalena”, de Ivan Lins, “Saudades da Amélia”, de Mário Lago e outras mais que estão no livro de Rosane.
A autora adianta, sem revelar muitos detalhes, que “Musas…” deve virar um seriado em um canal a cabo. “Estou roteirizando e ainda faltam finalizar detalhes com o canal a cabo, mas espero que em breve as histórias do meu livro entrem em produção e vá ao ar logo!”.
O que é ser musa de uma música? Para a autora, ser musa de uma música muitas vezes é elevar a mulher em um pedestal. “Senti nas musas que entrevistei certo recato de ter sido homenageada com uma música. Geralmente a musa não sabe que é musa. Mas em geral, elas têm uma luz própria, um borogodó! E todas as musas entrevistadas tem certa discrição de falar que foram homenageadas por uma música”, diz. Rosane também mereceu uma música de seu ex-marido e se orgulha disso, “quem não gosta de ser homenageada?”
Morando com a filha na rua Madalena, Rosane informa que é “moradora da Vila Madalena há anos. Morei em casa de vila na Patápio Silva, na Henrique Schaumann, na Rua Girassol, e agora na Madalena e não pretendo sair da Vila Madalena tão cedo”. Diz que gosta de andar pela Vila e cita entre os endereços mais habituais, a Mercearia São Pedro, a padaria Rodésia, a Livraria da Vila da Fradique Coutinho, o restaurante Martín Fierro e por aí vai… e faz dança flamenca na escola Quadra, na Praça Benedito Calixto. www.facebook.com/musasemusicas