Despercebidos, assistimos o tempo correr freneticamente.
Para os mais céticos, diz o físico alemão Winfried Schumann, constatou, através da Teoria da Ressonância, que a Terra é cercada por um campo eletromagnético a 100 quilômetros acima de nós. Esse universo, devido às alterações da Terra, cada vez mais “lisa” e por isso mais acelerada, faz a Terra também girar mais rápido.
Para o dia que marcamos como 24 horas, hoje na realidade tem somente 16 horas. Portanto, a percepção de que o tempo voa rápido ou que está passando mais depressa não é ilusória, é fato.
Ver os dedos dos pés tilintar uns nos outros na ponta da rede, os braços dobrados apoiando a cabeça e balançar entre cochilos o sonho de viver bem devagar. O mundo carece é dessa rede de balanço, principalmente os centros urbanos. É preciso refletir mais sobre o ócio. Sou a favor de um plebiscito, para se colocar redes nas praças dos grandes centros urbanos. Imagine o Viaduto do Chá repleto de redes, feitas de material reciclável, entre os postes no Largo do Arouche e o da Batata, a Praça da Árvore, tudo seria mais calmo.
Aqui na Vila tinha um sujeito bom de rede, chamado Sossego. Nego feio, mas muito feio. Ficava lindo quando saía na bateria da Pérola. Outra figura marcante era o Seu Vavá. Vivia ali na sua rede, na pequena varanda da Harmonia. Nesse dia, ouvia-o contar sobre seus passarinhos. O telefone tocou, sua filha atendeu. “Pai, é o gerente lá do banco”. Sem pressa, terminou o assunto sobre o sanhaço, sua filha levou o telefone até ele, atendeu: “O quê, minha conta estourou? Diga-me, machucou alguém? Não? Então até logo!” Desligou, continuou na rede a falar dos passarinhos.
Falta “baianidade” ao paulistano.
Como aquele menino que reclamou à mãe deitado em sua rede: “Mãe, tô com fome!” “Levante daí menino e vem fazer o seu prato.” Ele responde: “Não quero mais não”.
Mario de Andrade escreveu Macunaíma deitado em sua rede. Da velha rede sempre brotou o frescor das ideias enquanto o mundo carece de ninar em nosso colo.
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