O Instituto Brincante, há 21 anos na Vila, criado pelo coreógrafo, músico e pesquisador Antonio Nóbrega, recebeu uma ordem de despejo e ameaça a pegar suas malas e ir embora. São apresentados espetáculos de teatro, música, oficinas e diversos cursos de arte para adultos e crianças desde sua fundação. Depois do Teatro Lira Paulistana, talvez seja uma das referências culturais mais importantes que a Vila ainda possui, entre as galerias e ateliês, e vem compor a identidade da Vila Madalena, além da gastronomia e do lazer, um significativo centro cultural.
Nada e ninguém ainda estão fazendo para impedir tal despejo, ou mesmo empresas interessadas em cobrir a oferta da incorporadora, cujo proprietário do imóvel burlou a exigência legal de dar preferência ao locador do espaço. Há que se discutir “até que ponto um bairro como a Vila Madalena merece ter um espaço cultural”, questiona Nóbrega. Segue desenfreada a especulação imobiliária, achando sempre que preservar é coisa de antigos e retrógrados.
Que nesta hora a fé da rainha católica da Sicília, Isabel de Castela, ordene com vara curta o coração de quem pode salvar este espaço. Que os poetas Belmiro Braga, Luiz Murat, Medeiros de Albuquerque, Arthur de Azevedo se unam e inspirem os benfeitores. Que os bandeirantes paulistas de outrora, como Fradique Coutinho e Mourato Coelho, deem coragem a algum político ou órgão público e, por fim, que as tribos Macunis, Tamanás, Natingui e Morás abracem essa causa e evoquem seus deuses da consciência e do afeto.
A Vila perderá a Purpurina de suas ruas. A Harmonia ficará desafinada. A Girassol virará para sempre suas costas a todos. A Simpatia ficará apática, a Original será muito óbvia e a provinciana Fidalga não condecorará seus mesquinhos empreendedores.
Pelas redes sociais, há uma campanha para que o teatro fique no endereço de sempre, com a #ficabrincante no Twitter.