Madeira de demolição faz bons instrumentos.
Fundada há pouco mais de um mês, a Eco Guitar promete abastecer bandas preocupadas com o futuro do planeta, principalmente porque oferece instrumentos musicais, como baixos e guitarras, ecologicamente corretos, feitos a partir de madeiras reutilizadas, encontradas em demolições.
A ideia começou a ser delineada há cinco anos, quando o guitarrista Pedro Machado, hoje com 26 anos, ingressou no curso de lutheria do Projeto Guri. “No Projeto, eu conheci o professor Ladessa, um dos luthiers mais respeitados do Brasil, que fazia parte dos instrumentos com madeiras de demolição, como peroba, por exemplo. Quando o projeto terminou, fui ser aprendiz do Ladessa, que me ensinou que era possível fazer uma guitarra e um baixo inteiramente com madeiras reutilizadas”, conta.
Pedro garante que os instrumentos de madeiras reutilizadas emitem um excelente som. “Todos querem saber se o som que sai dos instrumentos é bom ou não, principalmente porque são feitos de madeiras de demolição. O que respondo é que, além de utilizar madeiras nobres, reutilizadas, porém limpas e bem tratadas, o grande segredo reside na parte eletrônica das peças. Tudo contribui para melhorar o som, como uma boa madeira, uma corda, um bom rastilho, uma boa tarracha, mas 50% da qualidade do som do instrumento reside em sua captação. São poucas empresas no Brasil que fazem captador e eu estou trabalhando nisso na Eco Guitar, fazendo peças benfeitas, como caixinhas de madeira reutilizada, com imbuia, por exemplo”, diz.
Nas caçambas de muitas demolições dos bairros da Vila Madalena, Lapa e região, Pedro já encontrou madeiras preciosas, como jacarandá da Bahia, araucária, freijó, imbuia, mogno, entre outras. “Já perdi até namorada por conta de ser fã de caçamba”, revela.
Após selecionar as madeiras, Pedro faz a limpeza das peças, primeiramente com plaina, para tirar cimento, entre outras impurezas, e depois lixando várias vezes para limpar tudo e iniciar a construção e montagem dos instrumentos.
Atualmente, confecciona modelos de guitarras clássicas, como less pool e Stratocaster, e de baixos, como jazz bass. Pedro já tem recebido várias encomendas. “Os guitarristas são mais conservadores e, por isso, preferem modelos clássicos, já os baixistas gostam de baixos diferentes… Por enquanto, estou me baseando nos clássicos, mas pretendo inovar futuramente”, finaliza.