Vivemos um tempo extremamente violento. É natural que vocês pensem, a partir desse título, que irei falar dos incontáveis assassinatos que nos perseguem todos os dias. Uma pauta necessária, sem dúvida. Todos por motivos torpes e bárbaros, como fogo em dentistas, facadas e fuzilamentos. Mas não é exatamente sobre isso que eu quero falar hoje.
Quando ainda criança, vizinho que era de um tenente do exército, tive a informação da tradução perfeita do que era “tiro pela culatra”, embora a expressão trouxesse uma ideia de obscenidade, mas é quando a arma de fogo não lança pra frente o projétil. É uma expressão correlata ao “deu chabu”, pifou o foguete ao ser acionado. Uma perspectiva frustrada. E é isso que estamos vivendo agora. Todos os dias os jornais e tudo mais trazem notícias criando uma certa atmosfera para, no dia seguinte, ser brutalmente contraditada. A economia vai bem, no outro os números provam que não.
E não é só na informação oficial. Vejam o caso do Tiririca. Uma gargalhada geral da sociedade e ele fazendo jus ao seu cargo. É um palhaço conhecedor do seu ofício, diferente de muitos que lá habitam. Tudo assim. O escândalo da caixa com o bolsa família amplamente dito como ação dos adversários políticos para no outro dia ser deles próprios.
Enfim, fui apresentado à caxirola, curiosidade criada pelo extraordinário artigo do Fernando Gabeira no Estadão. Um instrumento criado pelo gênio inventivo do Carlinhos Brown para substituir a vuvuzela da copa africana. Teve lançamento com direito a presidente e tudo. Porém, ao ser testada no primeiro jogo, serviu de arma contra os juízes e os jogadores pernas de pau. O que era para tocar virou pra tacar em campo. Foi proibida e cumpriu-se a nova regra. O país do tiro pela culatra.