O objetivo difuso

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Fica cada dia mais claro a força dos animais sobre as nossas vidas. É do ponto de vista econômico, com proliferações geométricas de pet shops e clínicas veterinárias, ou na quantidade de cães e gatos convivendo nas residências com seus moradores. Nas últimas eleições, vários candidatos estouraram as urnas apenas exibindo uma foto de um cachorro. Não quero discutir se existe um compromisso real com a causa. Acredito até que exista. Mas a força que mobiliza a sociedade me impressiona e me leva a pensar as variáveis do fenômeno.
Uma frase de Gandhi chama atenção: “Uma sociedade se mede pela forma como trata seus animais”. Acho que a cultura oriental, de alguma maneira, já traz sinais fortes de uma relação mais intensa com a natureza. Quando entrei em contato com esse universo oriental, tive oportunidade de perguntar e a resposta foi que as relações humanas estavam tão sofisticadas que tínhamos cada dia mais a necessidade do sistema simples dos animais. Também a solidão desenvolvida nas grandes e médias cidades reforça e amplia essa relação.
Mas não fica por aí. Outro dia estive com uma representante desse movimento num almoço, onde ela declarou para os presentes que não se alimentava de nada que tivesse olho. “Teve olho, não como”. Argumentei que a alface também era um ser vivo… Ela retrucou dizendo que era por isso que estava decidida a comer só frutos, porque eram os oferecidos pela natureza como alimento.
Pois é. Num mundo tão cheio de exatidão, de coisas concretas, dívidas e PIBs, aquecimento global e desastres ambientais… Tudo causa e efeito, num jogo de xadrez sofisticado, e debaixo do tabuleiro aparece essa questão de força imensa e com objetivo difuso. Uma nova relação com os animais.

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