Kelly Monteiro
A sexta edição do “Arte da Vila” novamente agitou o bairro nos dias 24 e 25 de março. O evento, organizado pela Proposta Editorial, já faz parte do calendário cultural da cidade, e é o momento em que os artistas abrem seus ateliês para que o público possa conhecer o que estão produzindo.
Além dos ateliês, quem também participou do Arte da Vila foi o Projeto Aprendiz. Como o tema central do evento foi reciclagem, o Aprendiz aproveitou o momento para lançar o ReciclaVila, feira de reciclados realizada em parceria com a rede de estacionamento Estapar e o Projeto Ruarte, grupo de ong’s que trabalha com moradores de rua produzindo artigos com reaproveitamento de materiais. A idéia é que a feira aconteça semanalmente.
Paralelamente, a Praça Aprendiz das Letras e o Beco, o Beco do Batman e a praça dos Omaguás sediaram o III Festival de Circo e Espetáculos de Rua. Adultos e a criançada se divertiram nas oficinas de cama elástica e de acrobacia, com os espetáculos de clown (Renato Paio “Tchutchuco”) e com o “Circo Místico”, além de variados shows. O Baque Bolado também fez cortejo pela rua Inácio Pereira da Rocha, animando quem passava. O Festival comemorou o Dia do Circo e os quatro anos de Circo no Beco.
Enquanto tudo isso acontecia, o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e o Projeto Aprendiz inauguravam a Sala de Leitura na ong, iniciativa que visa o acesso da comunidade à leitura, além de capacitação de mediadores na democratização de autores que vão de Carlos Drummond de Andrade a Monteiro Lobato.
Outro destaque do evento foi a participação de “Maria Berenice”, o ônibus loja da atriz Adriana Bruno. Depois de “herdá-lo” quando a companhia de teatro da qual fazia parte acabou, ela foi trabalhar com bolsas de tecidos e acessórios criativos. “Transformei o ônibus em uma butique itinerante. Hoje estou em todos os cantos. O Gilberto Dimenstein dá muita força para o meu trabalho. Sempre que tem alguma coisa acontecendo aqui, procuro vir”, diz.
Seguindo o tema do evento, 22 artistas plásticos da Vila Madalena prepararam obras originais a partir de materiais recicláveis, como tampinhas, garrafas de vidro, caixas de papelão e rótulos da cerveja Original, numa parceria entre a marca e a Recicloteca (www.recicloteca.org.br). As peças foram expostas nos ateliês participantes do Arte da Vila.
A homogeneidade dos materiais também contribuiu para a originalidade das obras. A artista plástica Flávia Figueira, por exemplo, fez uma escultura de mulher por meio de colagem de peças de cerâmica com pequenos defeitos. Com uma armação de arame, confeccionou uma saia coberta por rótulos de Original. As tampas de cerveja foram usadas para fazer o cabelo, enfeitado com flores de papel. “É muito desafiador ter materiais específicos para trabalhar”, resume Flavia, que participa do evento pela quarta vez.
O Arte da Vila cresce a cada ano e é sempre um sucesso. Prepara-se, porque no ano que vem tem mais!