Teatros invadem a Vila

0
961

Que a Vila Madalena é um bairro cultural, ninguém duvida. Você já reparou quantos teatros se instalaram no bairro nos últimos anos? São espaços onde acontecem as mais diferentes manifestações de uma das artes mais apreciada pelo público, com espetáculos dos mais diversos gêneros que encantam, seduzem e emocionam.
Um dos mais novos teatros do bairro é o Teatro da Vila, na Escola Estadual Carlos Maximiliano Pereira dos Santos, o Maxi. Em uma iniciativa inédita nos palcos da cidade, os espetáculos deste espaço serão inseridos em uma rede maior de agentes sociais da região da Vila Madalena, Sumaré e Pinheiros, como escolas, instituições e ONGs. O objetivo será o de, através do teatro, enriquecer a formação cultural e educacional dos jovens da região, em especial daqueles com menor poder aquisitivo e que se ressentem da falta de condições para acompanhar atividades artísticas.
Em maio passado, o Maxi estava prestes a ser fechado e seu auditório estava sendo utilizado pela Secretaria Estadual da Educação como arquivo morto. Abandonado e sem perspectivas de utilização, o auditório estava condenado. A partir da iniciativa de professores da escola, agentes sociais de intensa participação na comunidade, como o Projeto Aprendiz, foram procurados e uma proposta foi feita à Secretaria Estadual da Educação para que o espaço fosse revitalizado e adaptado para uma pequena sala de espetáculos. A Cia. de Teatro Os Satyros assumiu a responsabilidade pela curadoria e programação teatral do espaço. Como a companhia se encontrava em processo de ensaios do espetáculo “Cidadão de Papel”, dedicado ao público jovem, e baseado no livro de Gilberto Dimenstein, este se tornou o primeiro espetáculo proposto para a abertura do espaço.
Outro grupo que também chegou ao bairro recentemente é a Companhia do Latão. Com 10 anos de atividades, a nova sede da companhia – o Estúdio do Latão – acolhe as atividades mais fundamentais do grupo: pesquisa cênica, apresentações públicas, atividades pedagógicas, projeção de vídeos, trabalho de produção teatral, organização de acervo, além de tornar acessíveis à consulta pública os materiais didáticos (livros, documentários em vídeo, fortuna crítica e iconográfica etc.) produzidos no Projeto Companhia do Latão 10 anos. Todas as atividades oferecidas pelo espaço são gratuitas.
Seguindo a tendência, temos ainda o Actor Espaço Teatral, vinculado ao CIAC – Centro Integrado de Arte e Comunicação, que agrega três escolas: Recriarte – Escola de Arte e Design, Actor School Brazil e Projeto Mestre. A Recriarte iniciou suas atividades em 1978 como uma instituição gratuita de arte na Vila Madalena. Em 1982 surgiu definitivamente como escola e criou seus cursos profissionalizantes em 1995. Formou mais de 2 mil artistas e orientou mais de 20 mil pessoas nos últimos 20 anos.
O Actor Espaço Teatral conta com 100 confortáveis lugares e será utilizado para a realização de projetos culturais voltados para a formação de público, com espetáculos, palestras, workshops, festivais e eventos gratuitos ou a preços populares. Para a fase inaugural foi projetada a 51ª Mostra Teatral da Actor, com 17 espetáculos, apresentados até dezembro deste ano, em mais de 80 apresentações públicas gratuitas. Além disso, foi criado o Projeto A.S.A. (Ação Social Artística), um projeto social onde o ingresso vale um quilo de alimento ou 5 reais que serão revertidos em alimentos para doação. “É estimada, só nesta mostra, a arrecadação de mais de cinco toneladas de alimentos, que serão distribuídos publicamente”, diz Gabriel Veiga Catellani, diretor e professor da Actor School Brazil.
Mais antigo, o Teatro Brincante tem uma história que se mistura com a de seus criadores, os brincantes Antônio Nóbrega e Rosane Almeida. Os dois viram que aquele espaço, meio que abandonado, seria ideal para seus ensaios, para a criação de suas patomimias, danças e entremeios. E até para guardarem seus apetrechos e materiais de “folia”. Nascia assim o Espaço Brincante, em 1992.
Porém o Espaço Brincante, embora pequeno, era muito grande. Se antes o casal queria o lugar apenas para seus ensaios particulares, Nóbrega e Rosane viram depressa que poderiam chamar a vizinhança, fazer apresentações abertas ao público. Os dois galpões ganharam ares de teatro, com palco e platéia e salas de dança. Na entrada, com letras bem desenhadas, foi escrito: Teatro Brincante. Foi lá que aconteceu, entre outros, a temporada de espetáculos memoráveis como Brincante (1992), Figural (1993), Segundas Histórias (1994) e Na Pancada do Ganzá (1996).
Para o Brincante se tornar escola foi um pulo: um espaço para a formação de outros brincantes, com formação de educadores brincantes, cursos de percussão e danças brasileiras, oficinas de confecção de máscaras, bonecos e adereços; e oficinas também sobre o romanceiro popular, poesias e contos. O Teatro Brincante transformou-se no Teatro Escola Brincante e, em 2005, virou Instituto Brincante. Como instituto, fica ainda mais fortalecida a idéia de valorizar a cultura popular brasileira, em todas as suas manifestações. E a história não pára por aí. O Ministério da Cultura apontou o Brincante como um Ponto de Cultura. Nas palavras do Ministério, “um agente cultural que articula e impulsiona um conjunto de ações em suas comunidades”. O Curso de Formação de Educadores Brincantes, por exemplo, foi selecionado pelo próprio Ministério de Cultura para integrar o Programa Nacional Cultura Viva.
Inaugurado em novembro de 2003, o Viga Espaço Cênico é um pequeno centro cultural aberto a propostas diferenciadas de teatro, dança, música e artes plásticas. Situado em um antigo galpão, restaurado, o Viga tem se destacado na cena artística paulistana por receber grupos, diretores, autores, atores e bailarinos com idéias instigantes e atuais. A programação é montada a partir de uma mentalidade ampla e flexível, de forma a incentivar os criadores e surpreender o público. Nesta mesma linha está a Sala Crisantempo: um lugar de educação, reflexão, pesquisa, criação e apresentação de dança, teatro e música formada por uma sala de dança e um teatro multi-mídia modulável. O teatro se destaca por sua versatilidade na composição de espaços para apresentações. Também na região encontramos o Espaço Cariris. Localizado na rua dos Cariris, em Pinheiros, o Espaço abriga espetáculos de dança, teatro, circo, música, galeria e projeção de vídeo-arte, além de ciclos de palestra de filosofia e arte.
Outra importante referência no circuito cultural da cidade é o Teatro Cultura Inglesa, localizado na Cultura Inglesa Pinheiros. E duas casas noturnas na Vila Madalena também se estruturaram para apresentar espetáculos. São elas o Avenida Club e o Bleecker St. A primeira foi a pioneira ao trazer para seu palco a Terça Insana, um show de humor cuja proposta é a renovação constante. A cada mês o show muda completamente, um novo tema é abordado, trazendo novos textos e novos personagens. E desde 2005, um grupo de atores-comediantes se reúne no palco do Bleecker St. com um único objetivo: arrancar boas risadas do público. É o Clube da Comédia Stand-up, espetáculo que aposta no gênero de comédia que privilegia o humorista de “cara limpa”, sem maquiagens ou personagens, apenas um microfone e histórias engraçadas. No Brasil, a stand-up comedy não teve muitos seguidores ao longo do tempo, mas com o sucesso do Clube da Comédia a linguagem está sendo resgatada e mostra sinais de que tende a se popularizar em pouco tempo.
Mais informações e programação de espetáculos e cursos disponível no site de cada teatro. Aproveite para curtir, se divertir e aprender!

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA