Sempre o arrependimento

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Li com muita curiosidade a notícia de que quatro distritos de São Paulo: Parelheiros, Perus, São Mateus e Santo Amaro, requereram, junto à Assembléia Legislativa, suas respectivas emancipações. Querem ser novos municípios de nosso Estado, portanto.
Isso fez com que imaginasse uma Vila Madalena nesta situação. Que vantagens reais nós teríamos sendo uma cidade ao invés de um bairro? Essa nova realidade ajudaria a cultura e a arte? Pensei em todas as coisas envolvidas nesse cenário. A prefeitura, a Câmara de vereadores – que defendo que seja no mesmo prédio por economia do dinheiro público, e mais ainda, que seja onde funciona o Fórum de Pinheiros, pois não haverá sentido em permanecer na nossa comarca, e que o fórum da Vila vá para o Sujinho onde tudo começou.
Depois me detive nas campanhas eleitorais. Já imaginou que sarro nossos candidatos a prefeito debatendo sobre o futuro da Vila? Mil e tantos candidatos a vereadores batendo em nossa porta diariamente? IH! Acho que já estou desistindo. Pensando bem, São Paulo sem a Vila Madalena seria muito triste, e aqui como cidade não atenderia as funções para as quais estamos vocacionados. Explico melhor. Asilo político é atribuição do país, não é do município. Passaporte é também. Então, como recebemos exilados políticos, exilados culturais e artísticos de toda parte, como sempre fizemos, continuamos sem poder legalizar. Nosso destino será mesmo um território livre. “Território livre da Vila Madalena”.
São exemplos concretos que temos para comprovar essa tese. Vejam que, quando na Argentina o processo repressivo avançou, nós abrigamos aqui vários fugitivos e ganhamos o Empanadas e o Martin Fierro de Hugo, Ana e Reynaldo Chileno. No cinema, na música e nas artes plásticas também temos exemplos, mas além de pessoas e personagens abrigamos idéias e religiões alternativas que estavam em dificuldades mundo afora. Quando a psicologia era toda Freud, os Reichianos passeavam entre nós. Quando a China era toda Mao Tse Tung, a Vila era o Tibet de Dalai Lama e a alma de Confúcio. O arrependimento chinês anunciado agora mesmo depois de quase 60 anos de condenação em relação a obra do seu maior filósofo é a prova da importância que têm os territórios livres do planeta e a liberdade do pensamento. Os chineses ainda devem ao Tibet, mas viva a China de Confúcio.

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