Nunca fui amante do Natal (vide o título). Não sei se por experiências de infância quando era levado pelas mãos de tia Zulmira para ver a missa do galo no convento do meu bairro, ou pelas exageradas comemorações do meu pai em casa. Só sei que sentia um bafo de coisa velha, de memórias ancestrais europeizadas, quando, justamente, uma criança tem o mundo todo pela frente.
Juntando a isso, temos o tal balanço dos acontecimentos ao longo do ano e as perspectivas do ano vindouro que, inevitavelmente, resultavam numa conversa longe de qualquer realidade. Ou eram muito otimistas,ou pessimistas com requinte de crueldade.
O fato é que também não me ajudavam muito. De tudo ficou apenas a idéia de uma época própria para revermos a sociedade e cada um.
Temos aí um quadro que podemos simplificar em três grandes dificuldades. A primeira ambiental. Não se pode mais esconder o aquecimento global e a necessidade de forçarmos o governo a instituir taxas de diminuição da emissão de carbono gerada basicamente pelas queimadas. E cada um de nós fazer a sua parte, diminuindo o lixo, o consumo de água e energia, economizando transporte e plantando árvores. A segunda é a vergonhosa pobreza da maioria do povo. Ainda bem que começou a cair na Venezuela, com a derrota do plebiscito do Chaves para se perpetuar no poder, a idéia de combate a miséria com o autoritarismo. É um desastre pensarmos uma saída para o problema fora da democracia. E a terceira é o fantasma de todos os dias que é a violência.
A sociedade brasileira viu estarrecida o estupro da menor na cadeia paraense. Se o estado não garante a integridade de um presidiário, não tem qualquer condição de garantir mais nada. O cidadão tem uma situação de abandono completo. Então,uma parte da delicada questão da violência é o sistema carcerário.
Ainda assim vamos as castanhas e rogai por nozes. Amanhã pode ser melhor. Feliz Natal!