Lei modifica hábitos

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Com a implantação da Lei Federal 11.705, desde o dia 20 de junho, a chamada “Lei Seca” alterou a vida de consumidores e de todo o segmento de bares e restaurantes de todo o Brasil. A Vila Madalena, por ter uma das maiores concentrações deste tipo de estabelecimento, também sentiu e sente suas conseqüências. Houve uma queda de cerca de 30% no movimento etílico. Para saber o que mudou nestes novos tempos, entrevistamos três donos de bares: Pedro Costa (Piratininga, Pira Grill e Pira Sanduba), Marcelo Jacaré Silvestre(Jacaré Grill) e Helton Altman (Genésio, Filial, Genial).
Para Pedro Costa, “toda lei é autoritária. Neste caso está faltando ação do poder público em oferecer mais transporte (ônibus, metrô)”. No famoso Ford 1929 que está sempre estacionado diante do Piratininga, Pedro leva, por R$ 100 por pessoa, o cliente até o ponto de táxi ou até em casa, para quem mora no bairro. “Sei que é caro e é para poucos”. Ele teme pelas demissões que podem acontecer se o movimento continuar baixo. Acredita que a lei veio para ficar, mas acha injusto que o cliente que gosta de beber após o expediente, não possa beber seu uísque ou cervejinha sem problemas. “E beber cerveja sem álcool, não dá!”.
Farto do assunto, Marcelo Jacaré acredita que a lei veio para ficar. “Só acho que ninguém deve deixar de se divertir, de beber com os amigos”. Ele diz que as pessoas estão alterando o comportamento, combinando com os amigos quem vai dirigir e não beber para sair sem medo de ser flagrado por uma blitz. A maioria do público que vem à Vila não mora aqui e “o número de moradores da Vila é insuficiente para ocupar nossos bares”, diz ele.
Helton Altman, sócio com seus três irmãos de três bares na Vila, acha que a lei é inconstitucional. “Transforma em criminoso uma pessoa que tomou uma taça de vinho”. Ele lembra que a lei anterior previa punições, mas a diferença para esta é que a fiscalização está acontecendo. O movimento de suas casas caiu em torno de 30%, e acredita que o cliente está se adaptando e vai dividir táxi ou escolher um para dirigir e não beber. Helton adiou a idéia de colocar umas charretes para levar os clientes até o ponto de táxi. Seria uma forma de mostrar que “a vingança do bêbado vem a cavalo”, diz com bom humor.

Uma boa alternativa

O restaurante Chácara Santa Cecília, criou algumas alternativas para os clientes se divertirem sem desrespeitar a lei. Segundo Sandra Santorsula Gerente de Marketing “quando constatamos a queda no movimento, criamos saídas para cativar os clientes”. Entre elas, um coquetel não-alcóolico e isenção da entrada para o motorista da vez. Tem um bafômetro para quem quiser saber se está ou não dentro da lei antes de pegar o carro. Criou um lounge com redes e espreguiçadeiras para quem quiser dar uma descansadinha antes de voltar para casa. Oferece um caldinho de mocotó que além de gostoso é revitalizante. O cliente pode deixar seu carro até às 13h do dia seguinte no estacionamento conveniado com a casa. E a corrida com os táxis conveniados tem 20% de desconto.

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