Sempre tem aquele observador das coisas do Brasil para nos fazer esperar a Semana Santa, para então vermos o País começar o ano. Não tenho grandes expectativas, mas seria bom que avançássemos sobre algumas dificuldades, por exemplo, o apagão. Sou reconhecidamente o preferido do caos aéreo, pois viajo toda semana e tenho, por isso, exercitado a infinita paciência em aeroportos e em incontáveis voltas sobre São Paulo esperando pouso. Desde o início do problema as justificativas têm sido dirigidas, como sempre, ao público infantil. Raios e chuvas torrenciais são os culpados mais usuais, porém cachorros e pássaros, radares obsoletos tratando mal sua manutenção, aparecem na lista para ajudar a criar o clima fantástico e enganar essa população bebê. Bem, mas agora, depois das cinzas da Quaresma, deveremos resolver o problema com novos equipamentos e salários maiores para a turma que cuida da vida dos usuários. Porque é isso. Só isso o problema.
O que mais poderia acontecer depois da Páscoa? Sei lá, são tantas as demandas que se acumularam ao longo dos tempos que, desconfio, não será depois de qualquer Sexta Santa que teremos a solução. Mas, torço, e torcida é torcida, e por falar nisso… Quando Leão deixará o Corinthians para que o time consiga trocar três passes? Temos sofrido com essa situação. O mais difícil é agüentar o santismo do Mineiro, porque os bambis já temos tradição de enfrentar.
O Edmundo não gosta desta conversa, embora corintiano secretíssimo, daquele estilo Alê de reserva e sofrimento, acha um desperdício a ocupação desta página com esse assunto. Ele é um intelectual poderoso, e como tal, crítico severo deste momento brasileiro. Concordo com ele, mas não vejo em qualquer parte do mundo um tratamento melhor que o nosso. A inteligência é um predicado escasso no planeta hoje. Vejam que a RTP fez uma pesquisa para saber qual o português mais importante de todos os tempos. Vencendo Camões, Fernando Pessoa e Vasco da Gama, deu na cabeça, o ditador Salazar. É duro imaginarmos um Brasil despertando depois da Semana Santa, mas querer um mundo melhor é tarefa para várias quaresmas.