O publicitário Sérgio Francisco dos Santos viu de perto o bairro pacato se transformar em um fervilhante reduto boêmio e cultural.
Eu tenho afinidade com a Vila Madalena desde antes de o bairro se tornar o reduto boêmio de hoje. No início dos anos 80, eu trabalhava na Teodoro Sampaio em uma loja de roupas. A proximidade com a Vila me fez conhecer alguns jovens, muitos estudantes do Colégio Fernão Dias e, aos poucos, eu, que também era molecão, comecei a freqüentar o bairro. O cenário era bastante tranqüilo e singelo: quitandas, tinturarias, botecos simples e lojinhas eram administrados por moradores. Eu achava aquilo tudo muito gostoso, sentar para tomar uma cerveja, bater papo com um e outro, conhecer, trocar idéias. Não por acaso, em 1993, quando decidi sair da casa dos meus pais para morar sozinho, escolhi a Vila para ser o meu lar. Foi uma escolha maravilhosa, além de estar rodeado de amigos, eu pude acompanhar bem de perto a ascensão do espaço, que então começava a se transformar na Vila dos bares e atrações variadas que conhecemos hoje.
Eu me lembro que o primeiro bar mais ajeitado do bairro foi aberto onde hoje está localizado o Posto 6, na Aspicuelta com a Mourato Coelho. O estabelecimento se chamava Olívia. Antes de virar Posto 6 e se firmar como point, aquela esquina já havia abrigado outros bares, que sempre faliam – a gente brincava, dizendo que aquele ponto era “zicado”, que parecia que nenhum bar conseguiria fazer sucesso por lá. Eu e meus amigos estávamos errados, é claro, tanto que hoje aquele é um dos trechos mais movimentados da Vila. Para mim, que estava ali antes da movimentação que hoje caracteriza o bairro, chega a ser engraçado rememorar a delícia que foi ver uma área tão pacata e familiar começar a fervilhar, com casas abrindo, gente chegando. Eu saí do bairro em 1995, mas sempre fiquei nas proximidades – primeiro em Pinheiros, depois em Perdizes e, na seqüência, na Pompéia. Sou publicitário e decidi abrir meu escritório também na região.
Quando chegou a hora de finalmente comprar o meu espaço próprio, já que até então eu morava de aluguel, não tive dúvidas: escolhi uma casa na Vila Madalena, que reformei inteira para ser o meu lugar definitivo. Fico feliz por ter conseguido realizar o meu desejo de voltar para o bairro. Eu gosto muitíssimo da variedade de atrações que encontro aqui, da diversidade cultural e, principalmente, da diversidade social. Posso dizer que, além de estratégico por estar perto do meu trabalho e de muitos clientes, o bairro é onde encontro muitas pessoas queridas e, principalmente, o lugar onde me sinto realmente em casa.