Vida de herói

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“Zé Batalha – O herói da minha infância” é um livro que certamente irá mexer com a sua imaginação. Nele, o autor, Alberico Rodrigues, aos 57 anos, retrata as memórias de quando era garoto por meio da criação da figura do herói brasileiro que vive no interior, longe das grandes cidades, e que anda um pouco esquecido. O lançamento será nos dias 19 e 20 de novembro, das 16 às 22h, no Espaço Cultural Alberico Rodrigues.
“Eu vivi na roça, nasci na fazenda Poço Redondo, no sul da Bahia e a história do Zé Batalha é baseada em fatos reais e se mistura à minha história de infância”, explica Alberico. Segundo ele, o personagem era um ex-escravo que circulava pelas fazendas, ora sendo “vítima” das brincadeiras das crianças, ora trabalhando para os fazendeiros. A saga começou a ser criada nos anos 1970, quando Alberico ainda era estudante da Universidade de São Paulo (USP): “Queria escrever a antítese do Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. O Mário de Andrade deu o mérito à um índio. Eu quis criar um herói com caráter, tirado das terras do Brasil, por isso dei este mérito à um ex-escravo”.
Foram 30 anos aproximadamente até chegar à história final, reescrita diversas vezes. Da USP, o professor de português, literatura e inglês foi para a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, depois para a Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e observa que esse distanciamento do Brasil contribuiu para que “Zé Batalha” chegasse ao que é hoje. “Com essa história, quero resgatar na nossa literatura uma simplicidade que ao mesmo tempo faz a dignidade. Escrevi, talvez, a alma do herói do homem do campo. Trouxe este herói não para dar exemplo, mas para mostrar aos leitores que existe, além de São Paulo, Rio, dos grandes centros urbanos, uma vida que pulsa, com heroísmo, com dignidade e valores”, analisa, acrescentado que um segundo livro já começa a ser preparado.

O sonho

O lançamento de “Zé Batalha” também será uma boa oportunidade para aqueles que ainda não conhecem, descobrirem o Espaço Alberico Rodrigues, o projeto de vida do professor. “Ao voltar da Inglaterra, em 1977, vim com um ideal de cultura diferente, pois lá vive-se em um ambiente culto, onde as pessoas lêem muito. Como já tinha tendência para a escrita, isso reforçou o meu desejo de fundar um centro cultural, o que não foi possível fazer em cinco, dez anos”. Em 1994, Alberico atingiu seu objetivo maior: comprou a casa, reformou e abriu o Espaço Cultural que hoje é referência na cidade. Uma livraria, um sebo, uma biblioteca e um café dão o tom do lugar, aberto à estudantes, professores, pesquisadores ou aos interessados em aprimorar-se culturalmente.
Além disso, alguns eventos são realizados no Espaço, como o Sarau do Alberico, que acontece na última sexta-feira de cada mês, de março a novembro. Há também cursos e uma galeria de arte que já abrigou cerca de 80 exposições.
“Minha vida é toda dedicada ao centro cultural e aqui faço tudo com muito prazer porque é o meu sonho realizado. Eu escolhi o que queria ser desde cedo, me apaixonei pela literatura, pela palavra e pela arte. Sou um professor bem sucedido, trabalho muito, mas esse muito é prazeroso”, completa, satisfeito com a repercussão que “Zé Batalha – O herói da minha infância” vem alcançando mesmo antes do lançamento oficial.

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