Sábado, hora do almoço. O movimento na praça Horácio Sabino é de quem quer curtir o dia ensolarado: ler sob a sombra de uma árvore, deixar as crianças brincarem ou o cachorro passear. No alto da ladeira de 300 metros, um grupo chega para dividir o espaço com a comunidade local. São os skatistas, ou melhor, “as” skatistas, mulheres que cada vez mais se entregam ao esporte radical. Entre elas, Glenda Martins, que, aos 25 anos, encontrou no skate um estilo de vida.
A história de Glenda começou em 2000, quando morava em Boiçucanga, litoral paulista. Por influência do namorado, aprendeu a surfar. De volta à capital, longe das ondas, a solução foi escolher outro esporte. Optou pelo skate e não parou mais. No início, sentiu uma certa vergonha, afinal, uma menina andando de skate e ainda fazendo manobras? “Só andei na frente das pessoas depois de uns seis meses”, confessa. Hoje, é fera na modalidade downhill, prática em decidas, com o modelo longboard de skate, e já participou de diversos campeonatos, destacando-se também em programas esportivos na tevê como uma das mais talentosas mulheres adeptas do esporte.
Vício extremamente saudável para o corpo e para a mente, o skatismo, assim como outros esportes no Brasil, precisa ser mais incentivado e reconhecido. Nos anos 1960, o skate surgiu nas ladeiras da Califórnia, criado pelos próprios surfistas como uma maneira de se divertir quando o mar não estava para ondas. Foi a época do freestyle – ou estilo livre -, e, com o passar do tempo, começaram a surgir novas modalidades. O street moderno, por exemplo, combina a adrenalina do vertical com a agilidade das manobras de rua. Valem todos os tipos de obstáculos: calçadas, escadas, bancos e corrimãos. Para quem gosta de sentir o vento na cara e as rodas no chão, o downhill é uma ótima opção. Praticado nas ladeiras é uma das modalidades que conta com um grande número de adeptos. Há ainda o downhill slide, o pool riding, uma das formas mais underground de skate, praticada em piscinas vazias, e a modalidade vertical, considerada a “elite” do skate, já que requer pistas especiais. Em qualquer uma delas, é um esporte que requer perseverança e muito treino.
“É isso que quero passar para as meninas”, diz Glenda, que dá aulas gratuitas na ladeira da praça, um local mais do que apropriado, já que não é muito íngreme, o asfalto é perfeito e o fluxo de carros, razoável. “A minha idéia é que elas comecem a andar cada vez mais cedo, para que possam aproveitar mais. Quando se tem 15, 16 anos, só estuda e não trabalha, ao invés de ficar jogando conversa fora, usando drogas ou qualquer coisa do tipo, o esporte é um resgate para a vida saudável”. Muitas meninas querem andar de skate, mas falta oportunidade, por isso, transmitir o que sabe se tornou, para Glenda, uma fonte de prazer. “Fico gratificada quando as vejo acertarem uma manobra”. Ela acrescenta ainda que o foco do seu trabalho não é o treinamento para competição, mesmo porque os eventos de downhill são raros e não há competição profissional na categoria. O uso de equipamentos de proteção é recomendado para quem está começando e Glenda avisa: “Skate é prática, se treinar vai aprender, pode chegar onde quiser. Tudo depende da dedicação da pessoa”.
Para mais informações sobre as aulas de skate, entre em contato com Glenda pelo telefone 9729-7444 ou vá diretamente à praça Horácio Sabino.