Por mais que tenhamos certeza da vitória do moderno sobre o atrasado, do bem sobre o mal, da lucidez sobre a burrice, temos que saborear o contraditório vez por outra, talvez para sinalizar que sem esforço o revés, o andar para atrás, pode nos surpreender. Aliás, o destino quando é muito claro, sem possibilidade de tropeços, fica inverossímil e estupidamente chato. E assim tem sido a maioria dos dias nestes últimos tempos.
Vejam, por exemplo, a alegria que causou em toda a sociedade brasileira, a notícia da prisão do comunicador do palácio do planalto, Duda Mendonça, numa rinha de galos. Era, além da revelação do caráter meio perverso com os animais do personagem, o inusitado da situação que movia o interesse de todos. O mago da comunicação é preparado para fazer o encontro do produto com o senso comum. Quanto mais abrangente for o entendimento mais eficaz será a mensagem e com ele aconteceu o contrário absoluto, gerando inclusive manchetes nos jornais bem humorados como “De crista caída”, em O Globo.
Mas em matéria de impacto na opinião pública mundial nada foi mais contundente que a vitória do W. Bush à presidência dos EUA.
Distante do bom humor gerado pela briga de galos essa notícia causou grande apreensão no planeta todo. Não era possível que o povo americano votasse a favor da guerra do atraso e do isolamento internacional.
Sempre existem aqueles que explicam tudo a ponto. “ Desde que apareceu o vídeo do Bin Laden na televisão, pregando guerra ao Bush, o povo virou o voto. O Bush só existe por conta do Bin Laden, e o terrorista apareceu”.
O raciocínio é lógico, mas a premissa é falsa. Não se pode votar num paranóico. E votaram. Deram uma buchada no mundo. Talvez só pra quebrar o bom senso insosso dos dias atuais.