Conhecendo o cemitério

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Pouquíssimas pessoas sentem-se à vontade em fazer uma visita aos entes queridos mortos no cemitério. Na verdade, as necrópoles causam verdadeiro pavor em muita gente e são retratadas geralmente como cenário de filme de terror. O que poucos sabem é que, apesar da aparência triste, os cemitérios revelam muito sobre a nossa história e ainda contam com peças dignas de museus, sendo possível encontrar esculturas de artistas famosos.
Voltando um pouco no tempo, foi em 1920 que a Prefeitura autorizou efetuar despesas com a construção do Cemitério Municipal de Pinheiros, o Cemitério São Paulo, cujo mestre de obras era Caetano Antônio Bastianetto, avô de Paulo Lucindo, morador da rua Mourato Coelho que, por acaso, encontrou nos pertences da família, uma relíquia: a foto dos muros do cemitério ainda sendo levantados.
Naquela época a área de 104.000m² parecia grande demais. Não se imaginava que desde a primeira inumação, ocorrida em 16 de janeiro de 1926 até setembro de 2001, haveria 140.259 sepultamentos. Os números até podem justificar o decréscimo da população do bairro de Pinheiros. Segundo dados da administração do próprio cemitério, em 1960 o bairro tinha uma população de 36.201 habitantes, 44.080 em 1970, 47.183 moradores, no último censo, em 1980 e 40.070 em 1991, 1,46% menos em relação ao período anterior.
Nesta mesma área está localizado um verdadeiro museu a céu aberto. A arte tumular eternizou o trabalho do escultor Victor Brecheret com “Anjos em Bronze”. “Túmulo do Pão”, do grupo escultórico em bronze de Galileo Emendabili também é uma das belas esculturas do cemitério onde estão enterradas, além dos próprios artistas, pessoas representativas da vida social, política, artística e literária de São Paulo como o divulgador da homeopatia Alberto de Melo Seabra, o pintor Aldo Bonadei, o prefeito da cidade de São Paulo por duas vezes Francisco Prestes Maia, o chefe revolucionário de 1924 General Miguel Costa, o escritor, historiador, jornalista Paulo Duarte e o senador José Ermírio de Moraes. Vale ressaltar que em países como a França e a Argentina cemitérios atraem pessoas do mundo inteiro interessadas em conhecer os túmulos dos “moradores” ilustres e na beleza da arte tumulária, praticamente extinta com o surgimento dos chamados cemitérios-jardim.

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