Em casa de ferreiro…

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Amanheço na Vila Madalena, meu lugar no mundo, onde tudo quer significar segurança e paz. Vou como em todos os dias ouvir o noticiário, e sei das dificuldades que o País e o planeta passam. O pior é que esse quadro se agrava. Tudo em contradição com a pessoalíssima relação com o meu bairro. Dr. Celta intervêm dizendo que esse desastre é geral e aqui também. E que eu inventei uma zona de conforto. Uma quase alienação. Talvez uma maneira de sobreviver. Ele tem alguma razão, penso.

Mas vejo reações piores. Algumas pessoas do meu relacionamento estão numa depressão imensa. Fazendo análises críticas tão antigas como no tempo da guerra fria. Esse não é meu interesse porque não tiro os olhos da sociedade brasileira, do nosso povo. Dos estádios de futebol cheios. Das festas populares. Do carnaval, deslumbrante. Uma gente assim não se dobra com facilidade. Sem querer negar esse instante, tento me colocar à disposição do sonho de futuro que temos.

“Mas você não vai reagir?” Pergunta acintosamente Edmundo. Tenho feito uma defesa pública da democracia e dos direitos civis. Mas não quero carregar o ódio que tem cindido a sociedade. Estamos rachados e beligerantes e não acho que isso nos leve a alguma saída. O que eu acho é que na reafirmação das nossas qualidades, encontraremos um caminho pra sair deste momento dramático. “Você tem certeza do que está dizendo?”. Pinerão resmunga. Ter certeza numa hora dessa não ajuda nada. O que ajuda é revolver as ideias pra que surja uma solução nova e efetiva.

José Luiz de França Penna, presidente de honra do Centro Cultural Vila Madalena

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