Café é gostoso e faz bem!

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Foto: Gerson Azevedo

Gerson Azevedo
Bruno Souza, especialista em café e dono da Academia do Café

Depois da água, o café é a segunda bebida mais consumida no mundo. Bruno Souza é da quarta geração de uma família produtora de café. Nesta entrevista, ele destaca os benefícios do café no paladar e na economia do país. Vai um cafezinho aí?

Bruno Souza é um especialista em café, além de produtor em uma fazenda da família na região de Campo Belo, no sul de Minas Gerais. Em 2007, foi o primeiro brasileiro a receber o certificado de Q Grader, que “me habilita a pontuar e selecionar cafés de excelência, trabalhando sempre direto com o produtor em busca da rastreabilidade do café.” Viveu por anos nos Estados Unidos trabalhando no comércio de café e quando retornou ao Brasil, abriu em Belo Horizonte a Academia do Café, para ministrar cursos para baristas e profissionais ligados à bebida. Segundo Bruno, “hoje temos 250 profissionais com essa certificação no país. A Academia do Café formou uns 200.”

Academia do Café-GA (6)

Para Bruno, o café não é só negócio, é paixão! “Bebo um litro e meio de café por dia, em média. Tomo por prazer e para experimentar vários tipos de cafés diariamente. E para mim, o café é excelente para acompanhar vários alimentos. Como mineiro, adoro café com pão de queijo e bolo de fubá!”, diz. Ele destaca também os benefícios da bebida. “O café é um protetor da saúde e só não é recomendável para quem tem doenças como gastrite ou semelhantes. Aliás, além de café, essas pessoas também não podem beber nada alcóolico!”, lembra.

A favor do café, Bruno informa que é uma bebida complexa, “com mais de 1.200 componentes, enquanto que o chá tem cerca de 600 e o vinho, 300. O café tem antioxidantes e vários componentes que são benéficos para quem bebe”. Além do café de coador e expresso e há outras formas de se saborar um bom café, “entre elas o método Hario V60, Prensa Francesa e Aeropress.”

Um dos mitos que Bruno faz questão de quebrar é sobre a origem do café.  “A lenda do pastor de cabras na Etiópia que teria visto seus animais consumirem os grãos da planta e se tornarem mais ativos, é completamente falsa! Cabras, ovelhas, bovinos, equinos não comem o fruto do café, nem suas folhas e nem seu arbusto. Jacú é o animal que come café. Foi uma história inventada e que acabou virando marketing para os produtores da Etiópia, que produzem um café com menos cafeína. Estudos arqueológicos e até em passagens da Bíblia registram o café a partir do ano  1200 na Península Arábica”, avisa.

Segundo Bruno, o Brasil é o maior produtor e exportador de café, mas não tem a mesma valorização de mercado como seus concorrentes Colômbia, Equador, Costa Rica e países da África. “O produtor brasileiro precisa conhecer e profissionalizar mais sua produção para ter qualidade e ser reconhecido pelo mercado e investir no marketing. Mas se o café não for bom, não há marketing que sustente.”

Perguntado sobre qual é a sua opinião sobre os cafés vendidos em cápsulas, ele não poupa críticas. “É só fazer as contas. O custo de uma cápsula com 4 gramas de um café que você não conhece é caro. Um bom café expresso, com mais de 20 gramas, custa proporcionalmente menos e tem melhor sabor. Para mim, o café de cápsula é o miojo dos cafés. E acho um absurdo certos restaurantes de qualidade servirem aos clientes este tipo de café!”, diz.

O café de coador, “provavelmente 98% das casas brasileiras usam”, além do café propriamente dito, exige alguns cuidados, segundo Bruno. “No coador é preciso que a água esteja quente e nunca fervendo para não cozinhar, queimar o café e deixar a bebida amarga”, explica. Tomar o café, seja ele qual for, sem açúcar ou adoçante é outra recomendação do especialista para apreciar melhor seu sabor.

A Academia do Café na Vila Madalena teve início em maio e chegou ao final em dezembro de 2016. Bruno explica que trazer a Academia para São Paulo era desejo dele e da esposa Debora, também especialista em café. “Para qualquer empresário, estar na cidade de São Paulo e na Vila Madalena, referência na cidade, era muito importante. A nossa sociedade com os empresários Ricardo Kobayashi, Renato Gyotoku e Elio Asano, que criaram o Ekoa Café neste mesmo endereço, foi muito produtiva, mas chegou ao fim. Neste momento, eu e Debora temos um projeto de passar uma temporada na Holanda, onde mora minha filha, e continuar no negócio de café, é claro! A Academia continua em Belo Horizonte, mas espero voltar em breve para São Paulo para promover cursos e workshops sobre o café para profissionais e amadores, e que seja preferencialmente na Vila Madalena!”

E onde tomar um bom café na Vila Madalena? Bruno responde rápido e destaca o Coffee Lab (R. Fradique Coutinho, 1.340), de Isabela Raposeira. “Uma das mais experientes profissionais de café que conheço, embora ela não goste de tomar com pão de queijo, que eu adoro!”

O café para o empresário “É motivo de confraternização, de um relaxamento. Depois de uma boa refeição, por exemplo, nada é melhor do que um bom café!”, finaliza.

www.academiadocafe.com.br

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