O lustre ilustre

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1809
Lustre-Pedro Costa-Arq.Pessoal
O lustre ilustre (Arquivo pessoal)

Sob um balcão de bar pequenas mentiras tornam-se grandes verdades jamais esquecidas. Pelo menos até o dia seguinte, talvez pelo furor dos papos furados inebriados por esses momentos, onde os falantes amigos tornam-se pescadores de estórias, uma mais escabrosa que a outra.
Conforme o sol vai dando lugar à lua, a luz do tal lustre recheado de copos em círculos de ponta-cabeça deixa o orador da vez iluminado em foco e o balcão do bar cada vez mais parecido com uma passarela de assuntos em desfile, numa alegoria desorganizada e alegre ao mesmo tempo, que só um grupo de meninos grisalhos sabe brincar de brindar…, assim o lustre faz seu tilintar, quando o vento da rua bate sem pedir para entrar.

Foi neste instante, no tilintar do lustre, que um deles disse apontando para cima: “lembro muito bem quando este bar há muitos anos foi inaugurado e esses copos foram pendurados, homenageando todas as figuras ilustres que aqui estiveram. Aquele ali, lá em cima quem bebeu nele foi o Paulo Vanzolini, quando aqui esteve, o do lado é o do Magrão, o querido Sócrates, o da frente é do Paulinho da Viola”.
O mais embriagado aponta o outro lado do lustre e diz: “e aquele ali com batonzinho vermelho na borda, foi a Hebe Camargo que estava com os caras curtindo a noitada.”

Em seguida ouviu-se um coro, desta vez sem a saideira: “A conta por favor!”

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