Histórias, tradições e arte

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Foto:

Renata Mellão

A Vila acaba de ganhar um novo museu, que une designers, artistas e comunidades produtoras de artesanato regional brasileiro, que envolve inúmeras técnicas.

Aberto ao público no dia 9 de outubro, A Casa, museu do objeto brasileiro, é uma iniciativa de Renata Mellão, uma brasileira apaixonada pela arte e pela cultura de nosso país. Ela, que estudou Economia e Ciências Sociais, conta que seu interesse pela produção artesanal brasileira começou há muitos anos. “Antes de inaugurarmos este espaço, A Casa já havia funcionado no Jardim Europa e também em Pinheiros, num local fechado, onde no ano 2000 implantamos nosso museu virtual. A instituição, então, existe há 18 anos, sempre procurando o reconhecimento, a valorização e o desenvolvimento da produção artesanal e do design, servindo como mediadora de processos culturais, incentivando a pesquisa e a troca de informações entre produtores e artistas. Agora, neste espaço, perto de tudo, e onde antes funcionava o tradicional restaurante Rômulo e Remo, me sinto muito feliz. Gosto de estar perto desse pessoal jovem e bacana da Vila”, declara.

Renata diz que, no começo do museu, as atividades eram trabalhadas por temas. “Desenvolvemos em agosto de 1998 o ‘Lampião Vai à Casa’, trazendo palestras sobre sua vida e morte, o cangaço, um workshop com a Banda de Pífanos de Caruaru, oficinas, exposições, vídeos, e tudo o mais que pudesse ter de relevante sobre esse tema. Depois fizemos  ‘Ventre Repente, Brasil Oriente’, que mostrou o elo entre a música árabe e a brasileira, e que também teve uma exposição. Fizemos outra sobre a gastronomia do Pará, e por aí foi… Ao todo, até hoje, nós realizamos 48 exposições, que aos poucos foram tomando um perfil mais voltado para a produção artesanal e estamos assim até hoje.”

Para Renata, mostrar a cultura nacional e o artesanato brasileiro para o público em geral é um enorme prazer. “Muitas pessoas confundem o artesanato regional com trabalhos manuais. E é bom que se diga que o artesanato não é apenas o trabalho manual, ele tem sempre um fundo cultural na técnica que é feita, como bordado, renda etc. Como gosto do trabalho de campo, sempre quis fazer algo relativo ao Brasil porque eu amo este país e acho que nós temos muita produção artesanal ainda desconhecida, muitas coisas maravilhosas escondidas por aqui. Por isso o que eu quero é iluminar essas atividades, ‘jogando luz’ nessas produções regionais e aproximando as comunidades produtoras e os artistas que fazem arte a partir desse artesanato.”

O novíssimo espaço da A Casa foi inaugurado com a mostra “Sentido Figurado” de f. marquespenteado, que ficará aberta ao público até o dia 30 de novembro, com entrada gratuita e livre. O artista visual, que já participou de muitas exposições individuais e coletivas em importantes instituições culturais europeias e americanas, foi especialmente escolhido por Renata. Na mostra, ele exibe quatro séries de trabalhos inéditos, realizados a partir de deslocamentos, interferências em bordado à mão ou à máquina sobre móveis, diferentes tipos de objetos decorativos domésticos e tecidos, além de inúmeros elementos de um ateliê de costura. “Esculturas Reticuladas” é o nome da série de oito composições de caráter escultórico, onde o artista faz uso do potencial simbólico e representativo de objetos como livros, figuras kitsch de cerâmica, flores artificiais e garrafas, buscando sempre evocar os sentidos dos expectadores. “Sobre uma mesinha de canto bem frágil, um bule em forma de árvore encantada contracena com literatura barata, figuras de pastores e uma lavadeira, mas é você quem cria a narrativa”, declara o artista. Nas outras séries, como “Mandalas Disfuncionais”, “Florais Rajados” e “Arranjos Premiados”, f. marquespenteado passeia por diversos universos artesanais, fazendo combinações improváveis, que despertam a curiosidade e a imaginação das pessoas.

A Casa, que tem aproximadamente 150 m² de área de exposição, contará ainda com diferentes salas, entre outros espaços, para a realização de palestras, cursos, seminários, lançamento de publicações, etc. “Pretendemos abrir também para eventos corporativos e teremos ainda uma sala contígua, na qual abrigaremos os trabalhos consagrados de uma premiação que realizamos a cada quatro anos. Este prêmio é dividido em quatro categorias ligadas à produção artesanal: a autoral, a coletiva, a ambiental e a de texto, que é nova”, revela Renata.

Além disso, Renata continuará realizando suas viagens com grupos, como já fazia nas antigas sedes. “Montamos roteiros para grupos de 10 pessoas e as levamos para conhecer comunidades que fazem trabalhos artesanais. Já formamos grupos que foram para o Cariri, para a Ilha do Ferro e outras cidades com muita história, construções típicas e onde, em geral, as pessoas não chegam sozinhas”, finaliza.

Na versão virtual do museu, é possível conhecer um grande acervo de imagens, ações culturais, exposições virtuais e bibliografias, além do guia do objeto brasileiro, um grande catálogo on-line de profissionais e instituições envolvidos nas áreas de produção artesanal, design brasileiro e artesanato contemporâneo. 

A CASA, museu do objeto brasileiro
Avenida Pedroso de Morais, 1.216
Telefone 3814 9711
www.acasa.org.br 
acasa@acasa.org.br

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